5/20/2010

Algumas Lições do Baal Shem Tov

O Baal Shem Tov( Mestre do Bom Nome) foi o fundador do movimento chassídico(1) no século XVIII. Sem ele não haveria o movimento chabad-lubavitch e nenhuma outra linha chassídica. Por isso, certamente, o judaísmo estaria em apuros bem maiores atualmente. Por exemplo, imagine o mundo de hoje sem os batei chabad(2)!

Neste Shavuot, completaram-se 250 anos de seu falecimento. Aprenda alguns de seus ensinamentos abaixo.


Tudo é pela Providência Divina. Se uma folha é remexida por uma brisa, é só porque isto foi especificamente ordenado por D-us para atender a uma função específica dentro da finalidade da criação.

Cada coisa que uma pessoa vê ou ouve, é uma instrução a ele em sua conduta no serviço de D-us.

"Ame a teu próximo como a ti mesmo" (Levítico 19:18) é uma interpretação do e comentário de "Ame ao Senhor, teu D-us" (Deuteronômio 06:05). Quem ama um judeu ama D-us, porque o judeu tem dentro de si uma parte "de D-us acima" (Jó 31:2; ch Tanya ver. 2). Quando se ama um judeu, se ama a essência interior do judeu, e assim se ama D-us.

Amar um judeu é amar a D-us. Porque está escrito: "Vocês são filhos de D-us" (Deuteronômio 14:01), quando se ama o pai, amam-se seus filhos.

O amor de D-us por cada um e todo judeu é infinitamente maior do que o amor dos pais idosos a seu único filho nascido em sua velhice.

O amor de D-us estende-se não só à alma do judeu, mas também ao seu corpo. D-us ama todos os judeus, sem distinção, do maior gênio da Torá e estudioso judeu ao mais simples.

Os três amores - o amor a D-us, o amor a Torá, e o amor ao próximo - são na verdade um só.

Seu companheiro é seu espelho. Se o seu rosto está limpo, assim será também a imagem que você percebe. Mas se você olhar para os seus colegas e ver um defeito, é sua própria imperfeição que você está encontrando - é uma demonstração do que você deve corrigir dentro de si.

Unir-se a D-us é a chave mestra que abre todas as fechaduras. Todo judeu, incluindo o mais simples, possui a capacidade de conectar-se às palavras da Torá e da oração, e assim, atingir o mais alto grau de unidade com D-us

Existem dois níveis no estudo da Torá, a Torá da mente e a do coração. A mente cogita, compreende e entende, o coração sente. Eu vim para revelar a Torá como ela se estende ao coração também.

O Baal Shem Tov se identificava muito com a luz, e disse: "Or" (luz) é o equivalente numérico de "raz" ( segredo). Quem sabe o segredo das coisas pode trazer a iluminação.

"Ocultarei minha face naquele dia" (Deuteronômio 31:18). Galut (exílio) é uma dupla ocultação, na qual a ocultação em si é escondida. Tão grande é a ocultação, que pode-se nem sequer ter conhecimento dela, pode-se chegar a pensar na escuridão como luz.

"Procura a paz e siga-a" (Salmos 34:15). É preciso procurar os meios de fazer a paz e estabelecer a harmonia entre o mundo material e a força Divina que o vitaliza.

Perguntei a Mashiach, "Quando você vem?" e ele me disse: "Quando os seus mananciais se espalharem para fora."


Para mais lições, biografia e histórias, leia em inglês no link: http://www.chabad.org/generic_cdo/aid/388609/jewish/The-Baal-Shem-Tov.htm


(1) É o movimento fundado por ele que disseminou a Cabalá entre pessoas comuns e acentuou a importância da sua aplicação ao serviço a D-us. Assim, enfatizou a importância do amor entre os judeus, da alegria e da simplicidade. Várias linhas chassídicas foram formadas. O movimento chabad deriva dos ensinamentos do discípulo principal do Magid de Mezritch que, por sua vez, foi o herdeiro espiritual do Baal Shem Tov.

(2) São as casas onde os emissários do Rebe de Lubavitch exercem suas atividades. Elas estão espalhadas no mundo inteiro e ajudam todo e qualquer judeu que as procure.

5/16/2010

Shavuot e a Contagem das Essências

Costumamos ler a parashá Bamidbar - a primeira do livro Números na tradução da Torá -antes de Shavuot. Dada a precisão da Torá, é esperado que haja uma relação estreita entre a porção semanal e a festa. A primeira tem como assunto principal a contagem do judeus no deserto, a segunda é a comemoração da outorga da Torá para o povo judeu.
Para compreendermos a ligação entre uma e outra, temos que entender melhor o que cada uma significa.
No povo judeu, assim como em qualquer outro, há os mais virtuosos, capacitados, tementes a D-us e os mais desleixados, irresponsáveis e incapazes. Dessa forma, seria razoável imaginar que Moshé deveria valer por muitos, enquanto os piores no povo poderiam valer menos que um. No entanto, a contagem descrita na Torá tem como um dos objetivos justamente contrariar esta lógica. De Moshé ao menos qualificado, todos valem um. Isso significa que há algo nos judeus que é igual para todos, de forma que esta parte invariável que é contada. Esta é a essência da alma judaica, que é uma "parte de D-us" e, portanto, a mesma para todos.
Por outro lado, a entrega da Torá, basicamente, significa a quebra da barreira entre o material e o espiritual que antes era intransponível. Até então, mesmo para homens tão elevados quanto Avraham, Yitzchak e Yaakov, o material não podia ser elevado ao espiritual e o espiritual não podia ser trazido para o mundo material. A Torá quebrou este decreto, na medida em que associou algo tão espiritualmente elevado quanto a Vontade Divina com objetos tão materiais quanto a comida(Leis de kashrut), o vestário(tsitsit) e o dinheiro(tzedaká), além de também relacioná-la com objetos mais etéreos como o tempo(Shabat) e o intelecto( estudo da Torá).
Então, primeiramente, da mesma maneira que a Torá é a junção entre o espiritual e o material, ela só poderia ter sido dada para seres que são em si mesmos a junção do material com o espiritual, do corpo e da alma, o povo judeu. A Torá não poderia ser dada para seres somente espirituais, por mais elevados que fossem, pois eles seriam incapazes de realizar a intenção mesma da outorga da Torá: que o mundo material fosse elevado e que fosse feita "uma moradia para D-us na terra". Isto, apenas seres ligados diretamente com estes dois extremos, fazendo as mitzvot(mandamentos) e estudando a Torá poderiam realizar.
Além disso, entendemos o ensinamento fundamental de Rabi Akiva de que o resumo da Torá é "Ame a teu próximo como a ti mesmo". Isso é baseado na existência de uma unidade essencial do povo judeu que não é alterada de acordo com caráter, nível de observância ou inteligência. Isto é o que há de mais espiritual num judeu, a essência da alma. Então, aquele que, assim como a Torá, estima mais o espiritual do que o material, olha para o próximo como uma parte de D-us e não supervaloriza os seus defeitos. Dessa maneira, a contagem dos judeus é sempre lida antes do recebimento da Torá, para que nos recordemos desse conceito de unidade essencial e possamos receber a Torá nas mesmas condições em que ela foi recebida pela primeira vez, em que os judeus estavam tão unidos que a Torá usa linguagem singular para descrevê-los, ressaltando a sua união.
Que a partir desta terça-feira( 18/05 a 20/05) possamos receber a Torá com alegria e profundidade! Shavuot sameach!