5/30/2009

A questão do bem

Uma vez um grande doador se encontrou com o Rebe de Lubavitch(1) para apresentar um grande projeto para ajudar os judeus americanos. O objetivo era diminuir drasticamente as taxas de assimilação do povo. Após ouvir atentamente sobre um projeto de suma importância para ele, o Rebe perguntou: - O senhor coloca tefilin(filactérios que devem ser colocados no braço e na cabeça todos os dias)? Ele respondeu um pouco atônito: - Não creio que isso tenha relevância dada a dimensão do projeto sobre o qual estamos falando, mas a resposta é não. Então, o Rebe retrucou: - Não se pode salvar o mundo antes de modificar a si mesmo.

Creio que essa idéia é muito relevante para todos nós. Muitas pessoas querem fazer o bem. Vemos graves problemas nos jornais como a pobreza e as guerras sendo todos os dias noticiadas e sentimos que devemos contribuir para tornar o mundo um lugar melhor.


A nossa Torá nos ensina que, em primeiro lugar, devemos ser bons judeus. Isto é devemos cumprir as mitzvot. Tanto as que estão ligadas diretamente ao serviço a D-us como tefilin, kashrut(leis dietéticas), Shabat(o sétimo dia que deve ser dedicado só ao serviço a D-us), quanto as ligadas à nossa relação com o próximo como caridade, honrar os pais e não roubar. Depois, então, se pudermos afetar postivamente muitas pessoas devemos fazê-lo.

É bem razoável que os mandamentos ligados às relações interpessoais tragam o bem. Eles claramente fornecem um embasamento moral para uma sociedade. Quanto aos ligados à nossa relação com D-us, pode-se dizer que um indivíduo que tem sua vida permeada pela consciência do Criador tende a ser mais refinado e, por isso, bom. Além disso a Torá serve como um guia que, se consultado, evita algo muito comum atualmente: pessoas bem intencionadas que ao tentarem fazer o bem, trazem mais mal para o mundo. No entanto, será que é só?

Para entendermos isso, primeiro, devemos analisar o que é o bem na perspectiva da Torá. Em artigos anteriores, vimos que a Torá é divina, portanto, seus mandamentos são a vontade divina. Obviamente, ninguém pode saber melhor o que é o bem do que D-us. Por isso, se cumprimos a vontade Dele estamos fazendo o bem. Logo, D-us nos deu o dom de fazer o bem segundo a perspectiva Dele e, portanto, da forma mais significativa e abrangente que, ao mesmo tempo, está sempre à nossa mão: as mitzvot! Com isso, entendemos que somos capazes de fazer o bem em escala infinita, já que D-us é infinito.

Mas, como o bem se relaciona com o cumprimento dos mandamentos? Este é um tema complexo e muito explorado pela chassidut(exposição sistemática e mais acessível da Cabalá). Aqui, vou colocar de forma bem resumida e recomendo leitura complementar, especialmente do livro Tanya(2) que explica esses conceitos de forma mais apropriada:

1- Um dos objetivos dos mandamentos de uma forma geral é refinar as pessoas. A chassidut explica que temos uma alma divina e uma alma animal. A primeira vem para este mundo para refinar a segunda. Isto é feito, especialmente, com o cumprimento das mitzvot.

2- Não apenas nos refinamos, mas também elevamos o mundo. Por exemplo, ao comermos um pedaço de carne kasher e depois usarmos a energia da carne para uma mitzvá estamos elevando aquele animal que comemos.

3- Ao cumprirmos uma mitzvá trazemos uma "luz" divina para o mundo. Levamos mais espiritualidade para o mundo.

4- Os itens acima contribuem para trazer o bem supremo, a realização da intenção de D-us ao criar o mundo: que seja feita uma moradia para Ele neste mundo("dirab'tachtonim"). Isto ocorrerá com a chegada de Mashiach e a redenção final, que seja em nossos dias!

Sendo assim, a Torá não impede que façamos o bem de acordo com a nossa perspectiva. No entanto, é importante que olhemos para ela como um guia para sabermos se realmente estamos na direção certa. Além disso, e ainda mais importante, ao fazer uma mitzvá estamos fazendo o bem supremo, o bem na perpectiva divina!

Notas:

(1) Não poderia descrever melhor o Rebe de Lubavitch(1902-1994) do que o antigo chefe do rabinato de Israel, Rabino Mordechai Eliyachu, fez após visitá-lo: "Eu vi que nenhum segredo está escondido dele, e digo isso explicitamente. Ele sabe todo o Talmud, Poskim (precedentes legais), e nos livros místicos a sua compreensão é MUITO MUITO profunda. Ele é o mestre da luz. Ele é o mestre de toda a Torá, e é um expert em tudo o que acontece com Israel. Sua face brilha como um anjo de D'us e ele próprio está acima de qualquer anjo. Ele é o maior mestre da Torá na nossa geração e ninguém nunca chegou nem perto dele. E junto a isso tudo, ele se preocupa com todo judeu no mundo inteiro."

(2) É o monumental livro base da Chassidut Chabad. Foi escrito pelo primeiro Rebe de Lubavitch, o Alter Rebe, para seus chassidim. É baseado, especialmente, nos ensinamentos do Zohar, do grande cabalista Arizal, dos mestres chassídicos Magid de Mezritch e Baal Shem Tov. O objetivo principal do livro de acordo com o autor é mostrar como é "Perto de você na sua fala , no seu coração, fazê-lo", ou seja, como está ao alcance de qualquer pessoa esforçada, cumprir a Torá com entusiasmo e de forma plena. Ao longo da obra, vários conceitos cabalísticos são elucidados. Recomendo fortemente não apenas a leitura, mas o estudo sistemático! Na verdade, é até melhor aprender com um professor. Para isso procure o Beit Chabad mais próximo para ter aulas de Tanya. Se quiser comprar o livro pela internet com tradução e explicações em português vá para este link: http://www.sefer.com.br/produtos.aspxsubid=4&subn=Chassidismo&ctgn=Livraria&ctg=4


5/25/2009

Shavuot

Shavuot começa nesta quinta-feira à noite, dia 28/05 e termina depois do Shabat.
Comemoramos, nesta data, o recebimento da Torá. É verdade que isso aconteceu há mais de 3300 anos atrás, no entanto a Torá é eterna e sempre será fundamental. Então, esse recebimento deve se atualizar todos os dias, especialmente em Shavuot.
Expressamos isso quando fazemos a brachá que deve ser recitada todos os dias pela manhã antes de estudarmos Torá: Baruch ata HaShem noten haTorá( Bendito seja D-us que dá a Torá). Perceba que o verbo está no presente, enfatizando que nós não apenas a recebemos como continuamos a recebê-la.
Leia um texto interessante sobre os dez mandamentos que encontrei no site http://www.morasha.com.br/ e inspire-se a ir à sua sinagoga ouvi-los nesta nesta sexta!

Shavuot: Os Dez Mandamentos por Rabino Avraham Cohen Shavuot

Shavuot, o sexto dia do mês de Sivan, é o dia mais importante do calendário judaico. Nessa data OCORREU a revelação inédita de D'us perante o povo de Israel e a outorga dos Dez Mandamentos, no Monte Sinai.
Se esse dia histórico não houvesse ocorrido, não teríamos a Torá e seus mandamentos, as festas e preceitos religiosos. Seríamos um povo sem lei e sem propósito, sem princípios e sem a Terra de Israel. Enfim, seríamos pessoas sem rumo na vida.
Os Dez Mandamentos foram entregues em duas tábuas de safira, conhecidas como as Tábuas da Lei. Porém, na realidade, a Torá contém 613 mandamentos, não apenas dez. Por que, então, diz-se que o Povo Judeu recebeu apenas os Dez Mandamentos no Monte Sinai? De acordo com Rav Saadia Gaon, os Dez Mandamentos sintetizam todos os 613 mandamentos do judaísmo. O grande sábio demonstrou em sua obra que todas as instruções contidas na Torá são ramificações dos Dez Mandamentos entregues no Monte Sinai. É, portanto, errôneo acreditar que a religião judaica se limita aos Asseret Hadibrot.
O Baal HaTurim, sábio que fez uso da Guimátria para revelar segredos da Torá, aponta que o texto dos Dez Mandamentos contém 620 letras hebraicas. Esse é o número de todos os mandamentos da Torá, pois além das 613 mitzvot há também 7 leis rabínicas que, como ensina o Talmud, foram ratificadas por D'us. Estas incluem o acendimento de velas em Chanucá, a leitura da Meguilá em Purim, a ablução das mãos antes de comer pão e outras mais.
É também interessante notar que a soma dos algarismos das mitzvot, 613 (6+1+3), equivale ao número 10, que faz alusão aos Dez Mandamentos. O número 620 também é o valor numérico da palavra hebraica Keter, que significa coroa. Isto nos ensina que aquele que cumpre todos os mandamentos da Torá merece uma coroa. No âmbito da Cabalá, Keter é a primeira Sefirá, que representa a Vontade de D'us, que se revela ao homem através dos mandamentos da Torá.
A Disposição dos Dez Mandamentos
Os Dez Mandamentos foram dados por D'us em duas tábuas. Um dos motivos para essa divisão é que há uma relação intrínseca entre os ditames da tábua da direita e os da esquerda. A ordem na qual os Dez Mandamentos foram gravados nas tábuas tem um significado de máxima importância. O primeiro mandamento está relacionado ao sexto, o segundo ao sétimo e assim por diante. Eis a ordem dos mandamentos em cada tábua:
1) Eu sou o Eterno teu D' us que te tirou do Egito 2) Não terás outros deuses e estatuas diante de Mim 3) Não jurarás no nome de D'us em vão 4) Lembrarás e respeitarás o dia do Shabat 5) Honrarás teu pai e tua mãe 6) Não matarás 7) Não cometerás adultério 8) Não roubarás 9) Não darás falso testemunho 10) Não cobiçarás
O primeiro e o sexto mandamentos estão relacionados, pois o fato de acreditarmos em D'us como o Criador do Universo, Aquele que dá a vida, leva-nos a respeitar os outros seres humanos. O homem foi criado à imagem de D'us. Desrespeitar o homem é desrespeitar a D'us. Portanto, devemos ter muito cuidado para não ferir outros seres humanos e, sobretudo, não tirar a vida de outra pessoa.
Há uma ligação clara entre o segundo e o sétimo mandamentos, pois cometer idolatria é, essencialmente, um ato de adultério, isto é, de traição a D'us. No Monte Sinai, houve um casamento, firmou-se uma aliança eterna entre D'us e o Povo Judeu. Quem serve a ídolos, está sendo infiel ao Eterno. O mesmo vale para o casamento. A união de um homem e uma mulher simboliza o relacionamento entre D'us e o Povo Judeu. O judaísmo ensina que a fidelidade é de suprema importância e a violação do casamento é um pecado de extrema gravidade.
O terceiro e o oitavo mandamentos também são semelhantes, pois roubo e juramento em falso são, ambos, atos desonestos, cometidos em busca do proveito próprio ou do lucro indevido. Jurar em falso é tratar a D'us e à Sua palavra e Nome com leviandade; roubar é cometer um ato semelhante, pois, de certa forma, é o mesmo que negar a onisciência de D'us. Além disso, quando há suspeita de roubo, o tribunal pode exigir que um juramento seja proferido, o que pode levar o réu a jurar em falso.
O quarto e o nono mandamentos também estão entrelaçados. O Shabat, o dia de descanso, é, como diz a Torá, um sinal através do qual testemunhamos que o Criador criou o universo físico em seis dias e, no sétimo, cessou de criá-lo. Aquele que conhece a Lei Judaica e sabe da importância do Shabat e, mesmo assim, o desrespeita, está testemunhando em falso contra o Criador.
Há, finalmente, uma relação muito curiosa entre o quinto e o décimo mandamentos. É raro ver alguém cobiçar os pais de outros, pois isso é um fato imutável na vida do ser humano. Da mesma forma, não se deve cobiçar nada que não é seu. Assim como cada pessoa tem seus próprios pais que a trouxeram ao mundo, todo ser humano tem seu quinhão e sua missão na vida. Não se deve, portanto, cobiçar o que pertence a outrem.


Pensamento, fala e ação
Outro aspecto a ser analisado no estudo dos Dez Mandamentos é a sua seqüência. Os primeiros cinco mandamentos, contidos na primeira tábua, tratam do relacionamento entre D'us e o homem. Já os mandamentos da segunda tábua dizem respeito às relações entre seres humanos. Há quem diga que o que mais importa no judaísmo é a fé em D'us. Isto, de fato, tem suma importância, tanto que é o primeiro mandamento; mas, certamente, não é o único. Crer em D'us não é o suficiente. A Torá, portanto, nos ensina que a crença em D'us deve ser traduzida por cada pessoa em pensamentos, sentimentos, palavras e atos corretos e bondosos em relação aos outros.
O primeiro e segundo mandamentos tratam do pensamento: deve-se acreditar em D'us e rejeitar a idolatria. O terceiro mandamento trata da fala: não se deve jurar em falso. O quarto e quinto dizem respeito a ações: os atos referentes ao respeito aos pais e o cumprimento das ordens de D'us, simbolizadas pelo Shabat, que é a aliança entre o povo de Israel e o Criador.
É interessante notar que na segunda tábua, é invertida essa ordem -pensamento, fala e ação. O sexto, sétimo e oitavo mandamentos tratam de ações que não devem ser cometidas: assassinato, adultério e roubo. O nono mandamento trata da fala: o não testemunhar em falso. O décimo mandamento diz respeito ao pensamento: não se deve cobiçar. A segunda tábua ensina que não é suficiente não ferir nem prejudicar os outros. Também não devemos falar ou pensar mal dos demais. De fato, o ser humano só consegue alcançar sua plenitude quando age corretamente nesses três campos: o do pensamento, da fala e da ação.
Uma revelação inédita
A revelação do Todo Poderoso no Monte Sinai foi um evento inédito - algo que nunca ocorrera antes e que nunca voltará a ocorrer. Desde a Criação, nunca houve manifestação Divina tão explícita. O povo de Israel muito se preparou para esse dia tão especial. Os judeus tiveram que se refinar, física e espiritualmente, para receber a Revelação Divina.
Durante três dias, os judeus se purificaram espiritualmente. Foram proscritos o acesso ao Monte Sinai e as relações conjugais. Quando D'us Se revelou, 50 dias após o Êxodo do Egito, ouviram-se toques de Shofar e uma nuvem espessa cobriu a montanha. E quando D'us proferiu os Dez Mandamentos, o mundo inteiro entrou em total paralisação.
Conta o Midrash que nesse momento nenhum pássaro piou, nenhuma ave voou, nenhum animal emitiu som algum; as ondas do mar pararam e o vento cessou. Todas as criaturas pararam para escutar as palavras do Eterno.
Mas se analisarmos os Dez Mandamentos, percebemos que as ordens de D'us são relativamente simples. O conteúdo parece desproporcional ao preparo que foi necessário ao povo e à reação do Universo frente à maior experiência de todos os tempos. Pode-se pensar que o Povo Judeu se decepcionou ao ouvir preceitos tão elementares e básicos, como "não matarás" e "não roubarás". Talvez eles esperassem que D'us revelasse algo mais fantástico, completamente extraordinário - quiçá o desvendar dos segredos da Criação e de toda a existência. Porém, o fato de os Dez Mandamentos serem relativamente simples é uma prova de que a Torá foi dada para ser seguida por mortais falíveis. A Torá e seus mandamentos se aplicam a uma vida vivida dentro da normalidade do mundo. O fato de nos ligarmos a D'us, seguindo Suas leis, não exige que vivamos uma vida sobrenatural. A meta fundamental do recebimento da Torá é que suas leis e espírito permeiem todos os nossos atos, mesmo os mais cotidianos e mundanos.
Duas tábuas interligadas
Os mandamentos de nossa Torá estão divididos em duas categorias: as mitzvot ben Adam laMakom - os mandamentos entre o homem e seu Criador; e mitzvot ben Adam leChaveró - os mandamentos entre o homem e os outros seres humanos. Um dos motivos pelo qual os Dez Mandamentos foram entregues em duas, e não em uma única tábua, foi para delinear essas duas categorias de mandamentos e enfatizar que ambas têm igual importância. O ser humano alcança a sua plenitude apenas quando age corretamente com seus semelhantes e com o Eterno. É impossível ser um bom judeu, ou se considerar observante, se não se trata os outros seres humanos com consideração, respeito e boas maneiras. Por esse motivo, logo após a entrega dos Dez Mandamentos, as primeiras leis ensinadas ao povo foram aquelas relacionadas a indenizações e justiça social. Isto revela quão importante é para o Criador a responsabilidade financeira e o respeito em relação ao que pertence a outrem.

Por outro lado, é errôneo acreditar que é possível ser um bom judeu sem preservar e respeitar os mandamentos referentes às relações entre o homem e D'us. A Torá relata que pouco após a outorga dos Dez Mandamentos, o povo de Israel pecou ao fazer um bezerro de ouro. Eles cometeram esse grave erro porque acreditaram que Moshé Rabenu havia falecido, pois, decorridos 40 dias, ele não havia voltado do Monte Sinai, como combinado. Na realidade, o povo errou na conta e foi enganado pelo Yetzer Hará, o mau instinto. Os judeus, portanto, decidiram substituir Moshé por outro líder, o bezerro de ouro, que supostamente os guiaria. Este erro foi gravíssimo, pois violaram os dois primeiros Mandamentos que haviam acabado de receber: "Eu sou o Senhor, teu D'us" e "Não terás outros deuses". Está além do escopo desse artigo explicar os motivos, que na realidade não são simplórios, por trás desse erro. O que é relevante ressaltar é que o bezerro de ouro foi feito enquanto Moshé Rabenu encontrava-se no Monte Sinai, recebendo o texto da Torá, que estava sendo ditado por D'us. De repente, o Eterno ordena a Moshé que ele desça da montanha, pois o povo havia pecado produzindo um ídolo. Moshé, carregando as duas tábuas da Lei, desce do Monte Sinai e se aproxima do acampamento de Israel. No momento em que Moshé vê a estátua do bezerro de ouro e o Povo Judeu se curvando ao seu redor, ele quebra as tábuas.
Pergunta-se: por que Moshé quebrou ambas as tábuas? É inegável que o povo pecou ao desrespeitar os mandamentos contidos na primeira delas, os que dizem respeito à relação entre o homem e D'us. Mas, por que quebrar a segunda, também? Talvez os que fizeram o bezerro de ouro respeitariam as leis entre o homem e seus semelhantes. Moshé, no entanto, sabia que ambas as tábuas eram indivisíveis, por isso assim agiu. Quem não acredita em D'us e não O venera, mais cedo ou mais tarde acabará não respeitando, tampouco, as leis entre o homem e seus semelhantes. De fato, a história comprovou que a negação de D'us permite que o homem justifique tudo. Mesmo as civilizações culturalmente mais avançadas foram capazes de perpetrar e justificar o genocídio e a barbárie. Quando não há temor a D'us, o ser humano pode facilmente se tornar um animal irracional, sem piedade por outros, e pode banalizar à sua máxima expressão o valor da vida humana.
O grande sábio e cabalista, o Maharal de Praga, conhecido por ter criado o Golem, explica que a existência do ser humano é o resultado da união entre o corpo e a alma. Ele explica que esse é mais um motivo pelo qual os Dez Mandamentos foram dados em duas tábuas. A primeira tábua - que trata de mandamentos entre o homem e o Criador - está relacionada à alma; a segunda tábua - que dita as leis entre os homens - simboliza o corpo. De acordo com o Maharal, assim como o ser humano não pode viver se não houver união entre corpo e alma, também a Torá só se sustenta quando é composta pelos mandamentos de ambas as tábuas. A beleza da Torá é revelada apenas quando há harmonia entre todas as suas leis.
Todos os anos, em Shavuot, recitam-se os Dez Mandamentos nas sinagogas do mundo todo. Através dessa prática, estamos revivendo a Revelação no Monte Sinai, novamente aceitando os mandamentos e reafirmando não apenas o conteúdo de todos os preceitos, mas também as mensagens e ensinamentos que deles derivam.

5/23/2009

A Torá é mesmo divina?

Já foi demonstrado no artigo "D-us existe?" que a Torá tem origem divina, já que a sua entrega para Moshé no Monte Sinai é um fato. E contra fatos não há argumentos. No entanto, pode-se provar isso de uma outra maneira: estudando-a e analisando se é possível que ela tenha sido escrita apenas por um ser humano.

1- Profecias


Na Torá, encontramos profecias que não devem deixar dúvidas mesmo aos mais céticos. Moshé falou ao povo o que aconteceria até milênios depois da época em que ele viveu. Hoje a História registra os fatos.
Vou listar e comentar algumas delas, baseado nos comentários do Ramban(1):

No livro Leviticus(Vayikrá), capítulo 26 lemos profecias sobre o primeiro exílio:

" E Eu vou espalhar vocês pelas nações." - o primeiro exílio para Babilônia.

" E Eu vou trazer desolação a terra." - a destruição da Terra Prometida.

" E Eu não vou cheirar o aroma dos seus doces odores."- sacrifícios pararam de ser oferecidos

" Depois a terra será paga pelos seus Shabatot" - a duração do primeiro exílio(70 anos) foi proporcional ao número de anos Sabáticos(2) não respeitados.

" E vocês comerão a carne dos seus filhos e a carne das suas filhas." - o profeta Jeremias relata que essa profecia foi cumprida no seu livro Lamentações(2:20), na destruição de primeiro templo.

Em Deuteronomio(Devarim) 28 lemos profecias sobre o segundo exílio que dura até hoje:

"E vocês serão extirpados da terra". - segundo exílio.

" O Senhor trará sobre vocês uma nação distante, do fim da Terra". - referência a Roma.

" Vocês noivarão com uma mulher e outro homem se deitará com ela"- um decreto romano.

" E D-us espalhará vocês por todas as nações de um fim da Terra até outro fim da Terra". os judeus se exilam em todo o mundo.

" E no meio dessas nações vocês não terão repouso, e não haverá descanso para sola do seu pé... e vocês terão medo noite e dia" - situação dos judeus no exílio.

" E aos que restarem de vocês, eu vou mandar uma fraqueza aos seus corações... e vocês não terão poder para enfrentar seus inimigos" - os judeus são facilmente subjugados.

" Vocês serão acometidos por doenças e pragas nem mencionadas na Torá" - sofrimentos do exílio.

" Vocês servirão deuses... madeira e pedra lá" - uma referência ao subjugamento dos judeus com conversões forçadas ao deus de madeira(cruz) e ao jugo do deus de pedra de Meca e Medina.

Agora voltando ao Leviticus, capítulo 26:

" E os seus inimigos que moram na Terra de Israel ficarão desolados lá" - Nas Escrituras a Terra Prometida é descrita como uma terra que jorra leite e mel. No entanto, desde que os judeus sairam de lá e até eles voltarem com a criação de estado de Israel, a terra era realmente desolada, uma terra de pantânos!

"... Eu não desgostarei deles nem me cansarei deles a ponto de destruí-los e quebrar minha aliança com eles, uma vez que eu sou D-us, o Senhor deles". - o profeta Jeremias expressou isto da seguinte maneira: "Só se o sol, a lua e as estrelas desaparecerem, a semente de Israel irá também desaparecer". O fato de haver um judeu escrevendo este artigo e um outro lendo-o somado a essa profecia já provam a origem divina da Torá e, obviamente, a existência de D-us.

Existirmos até hoje é, sem dúvida, um grande milagre e ,como vimos, tudo está previsto na Torá!


2- Códigos da Torá


Para quem se sente mais à vontade com números e estatística, a análise dos códigos contidos na Torá é bem elucidativa. Estes códigos foram descritos há mais de meio século por um rabino chamado Michael Weismandel. No entanto, apenas com o advento dos computadores foi possível avaliar se eles são apenas uma coincidência ou se demonstram de fato a origem divina da Torá. Destaco um texto que encontrei no site do "chabad"(3) em português( para ler a íntegra, clique aqui: http://www.chabad.org.br/datas/shavuot/a%20tora/codigos_tora.html)

"Em 1986 o Dr. Eliyahu Rips, Doron Witztum e Yoav Rosenberg realizaram uma extensa experiência: desvendar se os nomes de 64 rabinos famosos, estavam codificados em intervalos de letras iguais no primeiro livro da Torá. Descobriram o seguinte: os nomes dos 64 grandes rabinos estavam de fato codificados em Bereshit, e as datas de nascimento e morte dos mesmos estavam codificadas bem próximas a cada um de seus respectivos nomes. A probabilidade de que tais códigos sejam feliz coincidência é de 1 em 62.500. Este resultado estatístico é altamente significativo e indica que todas estas informações haviam sido deliberadamente codificadas na Torá milhares de anos antes de tais rabinos terem nascido.

A experiência dos Rabinos Famosos e seus resultados foram levados ao mundialmente renomado Instituto de Estatísticas Matemáticas, em Harward. De modo a avaliar sua validade, foram rigorosamente revistos e analisados durante seis anos. Tal estudo foi posteriormente publicado em uma conceituada revista de matemática, "Statistical Science", em agosto de 1994.

Os resultados desta experiência, no entanto, não estão isentos de críticas. Muitas pessoas argumentam que o fenômeno dos códigos é peculiar à língua hebraica. Para contra-argumentar, Eliyahu Rips, Doron Witztum e Yoav Rosenberg tentaram duplicar a experiência em outros textos hebraicos. Não encontraram tais códigos em nenhuma outra publicação em hebraico. Nos últimos três anos vários outros matemáticos tentaram encontrar a "falha fatal" nesta experiência. Nenhum teve sucesso.

Para corroborar a veracidade dos códigos dos Rabinos Famosos, o Dr. Harold Gans, matemático criptólogo sênior da Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos, realizou experimento similar. O Dr. Gans tem praticamente três décadas de experiência em desvendar códigos para o governo dos Estados Unidos, que mantém os métodos e especialistas mais avançados no mundo em descriptografia de documentos codificados.

A princípio, o Dr. Gans estava muito cético quanto à existência de códigos legítimos da Torá. No entanto, quando realizou a experiência, além de validar seus resultados, fez uma descoberta adicional: além dos nomes e datas em que nasceram e morreram cada um dos rabinos haviam sido codificadas também suas respectivas cidades. Que conclusão, então, tiraram Eliyahu Rips, Doron Witztum, Yoav Rosenberg e Harold Gans da experiência com os Rabinos Famosos? Apenas uma: que as informações haviam sido deliberadamente colocadas na Torá. E no entanto, a Torá existe em sua presente forma há milhares de anos. Como o seu autor poderia ter tido conhecimento sobre a existência futura, bem como detalhes da vida de homens que só iriam nascer séculos mais tarde?

A única conclusão lógica é a de que o autor não pode ter sido um ser humano - pois quem colocou todos os dados lá, não estava limitado pelo tempo nem pelo espaço. Mais uma constatação incrível de que a Torá é de autoria Divina.

Ao se decifrar quaisquer códigos, o maior desafio é avaliar-se se os padrões de palavras codificados ocorrem acidental ou deliberadamente. Obviamente, podem-se encontrar interessantes padrões de palavras em praticamente qualquer texto examinado - em um romance, no jornal diário ou mesmo neste artigo. Felizmente, o campo de estatística permite aos matemáticos asseverar - com razoável certeza - se os padrões de palavras ocorrem por coincidência ou se foram deliberadamente codificados dentro de um determinado texto.

Mas, à medida que se tornou mais conhecida a experiência dos Rabinos Famosos, inúmeras pessoas publicaram livros que ameaçam inteiramente a credibilidade da pesquisa sobre os códigos da Torá. Tais livros não empregam metodologia científica alguma, nem fazem distinção entre códigos estatisticamente significativos e códigos que aparecem acidentalmente. O exemplo mais notável é o livro "O Código da Bíblia", de autoria de Michael Drosnin. Apesar de ser bestseller em nove países, as informações e alegações apresentadas no livro são altamente falaciosas. A obra apresenta códigos que não têm significado estatístico e ainda vai mais longe, alegando que os mesmos podem ser utilizados para se prever o futuro.

Eliyahu Rips, Doron Witztum e Harold Gans denunciaram a veracidade das informações apresentadas no livro de Michael Drosnin. Afirmaram que seu trabalho tem falhas de lógica e que não utiliza nenhum dos métodos estatísticos necessários para validar a colocação intencional dos códigos. Os pesquisadores também demonstraram, através do uso da matemática e da lógica, ser impossível usar os códigos da Torá para se prever o futuro."

A significância estatística destes códigos é de um para cinquenta, cem, duzentos mil!Vale lembrar que atualmente, na medicina, um estudo é considerado como estatisticamente significativo quando ele mostra que a probabilidade de o evento ser coincidência é menor do que 1 para vinte!

Por tudo que vimos, racionalmente, está claro que D-us existe e que a Torá é divina.

Notas:

(1) Ramban é um acrônimo para Rabino Moshe ben Nachman(1194-1270) . Ele foi um grande rabino, cabalista, comentarista da Torá e médico espanhol. Não confundir com Rambam ou Moshe ben Maimon(1135-1204) que foi um grande rabino, codificador das leis da Torá, filósofo e médico espanhol.

(2) A Torá comanda os judeus a guarderem os anos sabáticos: após entrarem em Israel deveriam trabalhar a terra por seis anos e, no sétimo, descansá-la.

(3) "Chabad" é um acrônimo para três palavras hebraicas: "Chochma", "Biná" e "Daat". São três termos que podem se traduzidos como conhecimento. Porém, cada um tem a sua particularidade...Os chassidim lubavitch são chassidim chabad. Em breve, abordarei o tema no blog.

(4) Como a idéia era apenas demosntrar o sentido das profecias eu mesmo traduzi livremente do texto em inglês "Proof of the existence of God" os trechos da Torá. Para ler a íntegra desse texto, clique aqui: http://www.chabad.org/library/article_cdo/aid/108386/jewish/Proof-of-Gds-Existence.htm


5/16/2009

D-us existe?

Quando D-us entregou a Torá aos judeus, eles responderam"naassé v'nishmá" que significa faremos e entenderemos. Logo, primeiro fazemos e depois entendemos. Então, o cumprimento da Torá não deve ser limitado pela nossa compreensão dela, já que a Torá é infinita e nós somos finitos. No entanto, até por experiência própria, acho muito importante que alguns conceitos básicos fiquem claros. É possível e desejável que entendamos certos fundamentos.
Por isso, antes de realmente começar o farbrenguen(reunião chassídica-ver texto"Farbrenguen") pretendo fazer uma série de postagens sobre questões fundamentais. Algumas delas são: D-us existe? Se Ele é bom por que coisas ruins acontecem? A Torá realmente tem origem divina? Qual o papel dos Sábios na interpretação da Torá? Como relacionar Torá com ciência?
Destas, a primeira é a mais fundamental. Portanto, vamos a ela.

Primeiro, temos que entender que o fato de não vermos ou escutarmos algo não quer dizer que ele não existe. Por exemplo, você já viu a eletricidade? Não, mas você acredita que ela existe por causa de seus efeitos. Alternativamente, pergunte a um homem cego se existem cores. Ele dirá que sim, porque outros contaram para ele.
Esses exemplos ilustram as duas provas básicas da existência de D-us. A filosófica ou metafísica e a tradição.

1- A filosófica é decorrente da realização de que um mundo tão complexo não poderia ser criado por coincidência. É preciso que haja um Criador. Logo, assim como no caso da eletricidade, dado que há o efeito (universo) tem que haver uma causa(D-us). Para esclarecer, uma pequena história: Um rei perguntou a um grande Sábio como ele tinha tanta certeza que D-us existia se ele não podia vê-lo. Então, o Sábio respondeu que precisava de um tempo para meditar sobre a resposta. Depois de alguns minutos voltou com um lindo poema na mão e entregou ao rei. Então, o rei ficou muito impressionado com o texto e perguntou se o Sábio mesmo havia escrito aquelas lindas palavras. O Sábio respondeu que ele apenas deixou cair um pote de tinta num pedaço de papel e o texto se formou. O rei, obviamente, respondeu que isso era impossível. O Sábio explicou que isso respondia a pergunta do rei: Se é impossível um simples poema ser formado por acaso quanto mais o mundo com todos os seus detalhes e complexidades!
Se você preferir a linguagem moderna:"A existência de um Criador é indicada pelo fato de que o universo inorgânico contém todos os ingredientes necessários para possibilitar a vida orgânica. O mundo existe como uma arena feita para a vida, e a probabilidade de isso ter sido uma coincidência é infinitesimamente pequena. A essência do argumento é que matematicamente quanto mais complexa uma estrutura, menor é a probabilidade de essa estrutura existir. A química da vida é certamente o processo mais complexo em nossa experiência, e mesmo assim a matéria inorgânica é o seu substrato. Dado que só há um tipo de matéria no universo, as chances de ela ter as propriedades químicas e físicas necessárias para ser a base da vida são muito remotas, a menos que haja um Criador."( Adaptação e tradução do livro Handbook of Jewish Thought de Aryeh Kaplan(1)).
Aqui ele está falando especificamente sobre a origem da vida, mas a idéia é a mesma.

2- Como se prova num tribunal que algo realmente aconteceu? Da mesma maneira que um homem cego sabe que existem cores: testemunhas. Os fatos históricos também são provados da mesma maneira.
Há cerca de 3300 anos atrás houve dois eventos que foram testemunhados por milhões de pessoas. Pessach ou a páscoa judaica comemora o êxodo do Egito e Shavuot comemora o recebimento da Torá pelo povo judeu. Estes fatos foram passados de geração em geração de maneira inalterada, não há versões diferentes da história.
O recebimento da Torá, por exemplo, foi testemunhado por cerca de três milhões de pessoas! Tudo isso faz com que este seja um fato inquestionável. Note que o povo não era composto apenas de escravos ignorantes. Havia profissionais altamente qualificados(construiram as pirâmides do Egito!), sacerdotes e grandes sábios. Portanto, o povo não poderia ser facilmente ludibriado. Se houvesse uma tentativa de enganá-lo, obviamente ela seria prontamente identificada e hoje não haveria judaísmo. Isso também diferencia o judaísmo de outras grndes religiões. Em nenhuma outra religião houve uma revelação divina para uma nação inteira. Em geral, a idéia é que um homem(Jesus, Maomé, Buda) recebe a revelaçã0 e passa aos outros.
Na Torá, o versículo "Shemá Israel" ensina que nós somos as testemunhas de D-us no mundo. As letras "Ayn" e "Dalet" estão aumentadas no texto. Se as juntarmos, a palavra "Ed", que significa testemunha, é formada.
Na verdade, então, essa é a maior prova, já que contra fatos não há argumentos.
Além disso, estes fatos provam não apenas que há um Criador(idéia que podemos chegar a ter certeza de maneira racional), mas também que esse Criador se preocupa com o que acontece com a humanidade em particular e que a Torá é verdadeira.
Apesar de isso já ser suficiente, discutirei mais sobre a origem divina da Torá na próxima postagem.

Notas:
(1) Rabino e físico, ele foi prolífico nos estudos sobre Torá. Notabilizou-se por escrever textos acessíveis aos iniciantes, sem perder a profundidade que caracteriza o pensamento judaico. Recomendo! Para comprar livros do Aryeh Kaplan na internet, clique aqui: http://www.sefer.com.br/busca.aspx
(2) Este texto foi baseado no "Proof of the existence of G-d" que você pode encontrar neste link: http://www.chabad.org/library/article_cdo/aid/108386/jewish/Proof-of-Gds-Existence.htm

5/10/2009

Farbrenguen?

Farbrenguen é uma reunião em que os chassidim(1) falam sobre Torá, contam histórias, dividem preocupações, abrem seus corações, cantam nigunim(melodias chassídicas),
dão e recebem brachot(bênçãos), comem e fazem um l'chaim(tradicionalmente com vodka). O objetivo principal é que as pessoas fiquem mais inspiradas e melhorem nos seus serviços a D-us.

Normalmente, há um chassid responsável por dirigir os assuntos da reunião. É exatamente isso que pretendo fazer aqui. Claro, excetuando-se os comes e bebes...

Mas, por que fazer isso de maneira virtual se posso fazê-lo ao vivo com outros chassidim? Porque a internet possibilita que eu me reuna com muito mais gente. Alguns que nunca tiveram o prazer de ir a um farbrenguen ou a oportunidade de estudar chassidut(ver nota número 1). Então, espero que com isso mais pessoas possam experimentar de maneira mais intensa a beleza da Torá em geral e da chassidut em particular!

Em nossas rezas matinais há a seguinte frase: "Ashreinu má tov chelkenu, uma nahim goralênu, uma iafá ierushatênu", que significa: "Afortunados somos nós! Quão boa é nossa porção, quão agradável nosso destino, e quão bela nossa herança!". Num farbrenguen que fui em Crown Heghts(2) um chassid explicou que a primeira parte(Ashreinu mah tov chelkenu) se refere ao fato de sermos judeus, a segunda parte(umah nahim goralênu) aos judeus que observam a Torá e a terceira(umah iafá ierushatênu) aos chassidim.

Há muito a ser dito sobre isso. Ao longo das postagens creio que você irá, aos poucos, compreender os motivos de tanta estima a Torá e a chassidut.

Notas:

(1) Tradicionalmente, chassid significa um homem pio, temente a D-us. Atualmente, esta palavra se refere a um judeu ortodoxo seguidor dos ensinamentos do Baal Shem Tov e/ou de um de seus discípulos. O Baal Shem tov é o grande fundador da chassidut que, basicamente, é a exposição da cabalá de uma maneira mais sistemática e mais voltada para o serviço a D-us.
(2) Bairro no Brooklyn, Nova York. É onde o Rebe de Lubavitch morava e onde fica a famosa sinagoga "770". Muitos chassidim moram lá.