7/27/2009

Tishá b'Av

Tishá b'Av( 9 de Av) começa nesta quarta-feira à noite. É um dia triste para o povo judeu, por isso o luto. No entanto, como explica a chassidut, toda descida de nível espiritual ocorre apenas para que haja uma subida a um nível ainda maior que o estágio anterior. Neste caso, a destruição do nosso Beit Hamikdash(Templo Sagrado), que causou enorme prejuizo espiritual ao povo judeu, só se deu para que depois pudéssemos ter uma subida ainda maior com a construção do terceiro e eterno Beit Hamikdash com a chegada de Mashiach e a completa redenção, que seja em nossos dias!

Saiba mais sobre os motivos do luto para o povo judeu neste dia, lendo texto retirado do site http://www.chabad.org.br/:

Os nove dias: 22 a 30 de julho, 2009
"Quando começa o mês de Av, reduzimos nosso júbilo..." (Talmud, Tratado Ta'anit 26). Começando em 1º de Av, usualmente nos abstemos de diversas atividades que estão associadas à alegria.9 de Av: (29, véspera) 30 de julho, 2009
O dia 9 de Av, Tishá BeAv, celebra uma lista de catástrofes tão graves que é claramente um dia especialmente amaldiçoado por D'us. O Primeiro Templo foi destruído neste dia. Cinco séculos mais tarde, conforme os romanos se aproximavam do Segundo Templo, prontos para incendiá-lo, os judeus ficaram chocados ao perceber que o Segundo Templo foi destruído no mesmo dia que o Primeiro.
Quando os judeus se rebelaram contra o governo romano, acreditavam que seu líder, Shimon bar Kochba, preencheria suas ânsias messiânicas. Mas suas esperanças foram cruelmente destroçadas em 135 EC, quando os judeus rebeldes foram brutalmente esquartejados na batalha final em Betar. A data do massacre? Nove de Av, é claro!
Os judeus foram expulsos da Inglaterra em 1290 EC em, você já sabe, Tishá BeAv. Em 1492, a Idade de Ouro da Espanha terminou, quando a Rainha Isabel e seu marido Fernando ordenaram que os judeus fossem banidos do país. O decreto de expulsão foi assinado em 31 de março de 1492, e os judeus tiveram exatamente três meses para colocar seus negócios em ordem e deixar o país. A data hebraica na qual nenhum judeu mais teve permissão de permanecer no país onde tinha desfrutado de receptividade e prosperidade? A esta altura, você já sabe que é 9 de Av.
Pronto para mais? A Segunda Guerra e o Holocausto, concluem os historiadores, foi na verdade a conclusão arrastada da Primeira Guerra, que começou em 1914. E sim, a Primeira Guerra Mundial começou, no calendário hebraico, a 9 de Av - Tishá BeAv.
O que você conclui disso tudo? Os judeus vêem estes fatos como outra confirmação da convicção profundamente enraizada de que a História não ocorre por acaso; os acontecimentos - mesmo os terríveis - são parte de um plano Divino, e têm um significado espiritual. A mensagem do tempo é que há um propósito racional, muito embora não possamos entendê-lo.

Saiba também sobre as Leis deste dia:

Há cinco coisas proibidas em Nove de Av: comer e beber, lavar-se, untar-se com óleo, vestir sapatos de couro e coabitar.
Não há diferença entre a noite (da véspera) e o dia de Nove de Av. Pode-se comer somente antes do pôr-do-sol na véspera de Nove de Av; o crepúsculo é considerado como noite, e alimentar-se é proibido.
Todos devem jejuar em Nove de Av, incluindo mulheres grávidas e mães em fase de amamentação. Quem estiver doente, porém, pode comer, mesmo se sua doença não lhe ameaça a vida. Entretanto, uma pessoa doente deve abster-se de comer iguarias e deveria ingerir somente o que for absolutamente necessário para seu bem-estar físico.
Se Nove de Av cai num domingo e uma pessoa doente precisa comer durante o jejum, deve recitar Havdalá antes de comer [pois Havdalá não é recitado na noite anterior por causa de Nove de Av].
A pessoa não pode enxagüar a boca em Nove de Av, até o fim do jejum.
Lavar-se por prazer é proibido, tanto em água quente quanto fria. Entretanto, se as mãos estão sujas, pode lavá-las. Pode também lavar as mãos após levantar-se pela manhã como faz todos os dias, bem como após usar o banheiro. Entretanto, não pode lavar a mão inteira, mas apenas os dedos. Com os dedos ainda úmidos, pode lavar os olhos com eles. Se os olhos estão sujos, pode enxagüá-los como faz normalmente.
Se a pessoa estiver cozinhando e preparando comida, pode lavar os alimentos, pois a intenção não é lavar as mãos.
A proibição de calçar sapatos aplica-se àqueles de couro. Sapatos feitos de lona ou borracha podem ser usados. Porém, se são cobertos de couro ou se têm solas de couro, não podem ser usados. Se alguém está caminhando em local repleto de espinhos ou numa área povoada de não-judeus [onde sua aparência poderia ser ridicularizada], pode calçar sapatos normais nestes locais.
É permitido banhar um bebê e aplicar óleo em sua pele, da maneira que normalmente é feito.
Todas as proibições acima mencionadas se aplicam a partir do pôr-do-sol na véspera de Nove de Av até o final do jejum.
Como se explicou acima, o estudo de Torá é proibido em Nove de Av porque o estudo de Torá traz alegria à pessoa. Entretanto, pode-se estudar o terceiro capítulo do tratado Mo'ed Catan, que fala das leis de luto e excomunhão. Pode-se também estudar o Midrash do Livro de Echá; Echá com seus comentários, e Iyov com seus comentários, pois estas obras despertam um sentimento de tristeza no leitor. Pode-se também estudar os capítulos de admoestação e calamidades registradas em Yirmiyahu; entretanto, deve-se ter o cuidado de pular aqueles versículos que falam de consolação. A pessoa pode também estudar os trechos do Talmud sobre a Destruição, registrada no Tratado Guitin.
Não se deve cumprimentar um amigo e perguntar como vai em Nove de Av, e não se deve nem dizer "bom dia." Se alguém for cumprimentado, porém, pode responder para não ofender os sentimentos, mas em um tom de voz baixo. É proibido também enviar presentes em Nove de Av.
Em Nove de Av, é costume abster-se de fazer qualquer trabalho que deva ser feito em um período longo de tempo, pois empenhar-se nesse tipo de atividade distrai a pessoa de sentir tristeza. Deve evitar este tipo de serviço na noite da véspera de Nove de Av, e até o meio-dia de Nove de Av. Após meio-dia, este tipo de trabalho não é habitualmente proibido, mas mesmo assim é recomendável que a pessoa seja severa consigo mesma e evite este trabalho até que termine o jejum.
Da noite de Nove de Av até meio-dia, deve-se sentar no chão ou sobre um banquinho com altura não maior que três larguras de mão.
Deve-se evitar andar pelas ruas ou ir ao mercado, para não conversar à toa e assim distrair-se do sentimento de luto. Deve-se certamente evitar atividades que possam levar à leviandade.
Alguns seguem o costume de não dormir em uma cama em Nove de Av; em vez disso, dormem em colchões colocados no chão. Em qualquer dos casos, a pessoa deve variar seus hábitos de dormir; por exemplo, se costuma dormir com dois travesseiros, deve usar apenas um. Algumas pessoas colocam uma pedra sob o travesseiro ou colchão, como forma de relembrar a Destruição do Templo.
É costume iniciar somente após meio-dia o preparo dos alimentos que serão comidos quando terminar o jejum.
Não se deve cheirar perfumes ou especiarias em Nove de Av, nem fumar em público.
Não se deve vestir roupas bonitas em Nove de Av, mesmo que a roupa não seja nova.
Muitos têm o costume de lavar o chão e limpar a casa após meio-dia em Nove de Av, em antecipação da Redenção que aguardamos. Além disso, é uma tradição que o Mashiach nascerá em Nove de Av.
Costuma-se dizer que a pessoa que come ou bebe em Nove de Av sem ter de fazê-lo por razões de saúde não merecerá ver o júbilo de Jerusalém. E quem prantear sobre Jerusalém merecerá ver sua felicidade, como promete o versículo (Yeshayahu 66:10): "Rejubile-se grandemente com ela, todos que por ela pranteiam.

7/23/2009

A importância espiritual das mitzvot

Muitas pessoas se perguntam por que um D-us tão grande e poderoso se importa com coisas tão pequenas como colocar tefilin(filactérios que devem ser colocados por todo judeu) ou dar tzedaká(caridade). Essa é uma pergunta que tem como base uma outra mais geral: D-us se importa com a ação do homem ou ele é o Criador transcendente que não se envolve com os assuntos humanos?
Claro que o judaísmo responde que D-us se importa muito com o comportamento e necessidades do homem. Mais do que isso, o mundo foi criado para o homem como fica claro no Bereshit(Gênesis).
No entanto, poderíamos pensar que Ele se preocupa com grandes questões e as pequenas Ele deixa a nosso cargo. Mais uma vez, o judaísmo ensina que Ele se importa com cada um individualmente, afinal, cada pessoa é feita à imagem Dele.
Ainda assim, isso não explica o motivo de tanto detalhe na Lei Judaica. Afinal, em termos espirituais, por que as mitzvot são tão importantes?
A resposta mais óbvia para a pergunta e nem por isso menos relevante é que elas são a Vontade de D-us. E não pode haver nada mais importante do que cumprir minuciosamente a Vontade do Criador do universo.
No entanto, podemos saber mais. A chassidut(1) explica o que ocorre espiritualmente ao cumprirmos uma mitzvá:
1- Um dos objetivos dos mandamentos de uma forma geral é refinar as pessoas. A chassidut explica que temos uma alma divina e uma alma animal. A primeira vem para este mundo para refinar a segunda. Isto é feito, especialmente, com o cumprimento das mitzvot.
2- Não apenas nos refinamos, mas também elevamos o mundo. Por exemplo, ao comermos um pedaço de carne kasher e depois usarmos a energia da carne para uma mitzvá estamos elevando aquele animal que comemos.
3- Ao cumprirmos uma mitzvá trazemos uma "luz" divina para o mundo. Levamos mais espiritualidade para o mundo.
4- Ao cumprirmos um mandamento, nos unimos a D-us especialmente. Esta união se dá da forma mais profunda ao estudarmos Torá.
5-Os itens acima contribuem para trazer o bem supremo, a realização da intenção de D-us ao criar o mundo: que seja feita uma moradia para Ele neste mundo("dirab'tachtonim"). Isto ocorrerá com a chegada de Mashiach e a redenção final, que seja em nossos dias.
A chassidut explica também por que todos os detalhes da Lei Judaica são importantes:
1- As mitzvot são tão especiais que mesmo a conexão que temos com D-us no Gan Éden(paraíso) não é comparável ao que conseguimos com o cumprimento das mitzvot. No Gan Éden, apenas nos conectamos com o Nome Dele, ou seja, um "raio" proveniente Dele. No entanto, as mitzvot nos conectam diretamente com a Sua Essência.
2 - O que fazemos neste mundo tem uma influência totalmente desproporcional nos mundos espirituais. Uma simples mitzvá ou até um simples detalhe relacionado a ela causa "elevação dos mundos espirituais" como é trazido no livro Tanya(2). Logo, uma moedinha que damos para tzedaká ou uma letrinha apagada no tefilin podem fazer toda a diferença!
Depois de tudo isso enumerado, temos que voltar à resposta inicial: Não há nada mais importante do que a Vontade de D-us, logo, não há nada mais importante do que o cumprimento das Suas mitzvot!

Notas:
(1) Tradicionalmente, chassid significa um homem pio, temente a D-us, faz ainda mais do que manda a Lei. Atualmente, esta palavra se refere também a um judeu ortodoxo seguidor dos ensinamentos do Baal Shem Tov e/ou de um de seus discípulos. O Baal Shem tov é o grande fundador da chassidut que, basicamente, é a exposição da cabalá de uma maneira mais sistemática e mais voltada para o serviço a D-us.
(2) É o monumental livro base da Chassidut Chabad. Foi escrito pelo primeiro Rebe de Lubavitch, o Alter Rebe, para seus chassidim. É baseado, especialmente, nos ensinamentos do Zohar, do grande cabalista Arizal, dos mestres chassídicos Magid de Mezritch e Baal Shem Tov. O objetivo principal do livro de acordo com o autor é mostrar como é "Perto de você na sua fala , no seu coração, fazê-lo", ou seja, como está ao alcance de qualquer pessoa esforçada, cumprir a Torá com entusiasmo e de forma plena. Ao longo da obra, vários conceitos cabalísticos são elucidados. Recomendo fortemente não apenas a leitura, mas o estudo sistemático! Na verdade, é até melhor aprender com um professor. Para isso procure o Beit Chabad mais próximo para ter aulas de Tanya. Se quiser comprar o livro pela internet com tradução e explicações em português vá para este link:
http://www.sefer.com.br/produtos.aspxsubid=4&subn=Chassidismo&ctgn=Livraria&ctg=4

7/22/2009

Um Belo Exemplo

D-us no meu "corner"

Dado que sou o numero 1 do ranking mundial de boxe júnior peso meio-médio, minha próxima luta será pelo título da categoria contra o vencedor da luta entre Andrea Kotelnik e Amir Khan. As pessoas pensam que lutas de boxe dependem apenas de força física. No entanto, minha jornada ensinou-me que minha força principal vem da espiritualidade. Ser um campeão de boxe é o meu sonho desde que sou um garoto. Depois de sair da Ucrânia para ir morar no Brooklyn(NY) em 1991, a experiência de isolamento de um imigrante me fez perseguir uma academia de boxe qundo eu tinha apenas 13 anos. Enquanto a maioria dos meninos judeus americanos estavam estudando para o seu bar-mitzvá, eu estava sonhando em ser um lutador de boxe. Quando tinha 14 anos, minha mãe teve câncer. Durante uma visita ao hospital, encontrei um chasid(1) que estava visitando sua esposa. Assim, formou-se uma amizade e ele me colocou em contato com o rabino Zalman Liberow do Chabad de Flatbush. O rabino Liberow me encorajou a ,gradualmente, observar mais rituais do judaísmo e meu amor pelas tradições dos meus ancestrais cresceu. Comecei a rezar todos os dias e a comer comida kasher. Enquanto isso, minha carreira no boxe progredia. Quando fiz 17 anos era o momento de competir no torneio de boxe amador "NYC Golden Gloves". Eu consegui chegar à final que era na sexta-feira à noite. Nesta época, eu já tinha aprendido que sexta à noite era Shabat e me senti culpado por lutar, mas decidi fazê-lo de qualquer maneira. Estava animado com a oportunidade de vencer o torneio e poder receber uma proposta lucrativa posteriormente. Porém, não era para acontecer e perdi. Pensei em parar, começar um trabalho comum e esquecer meu sonho de ser um campeão mundial. Poucos meses depois do "Golden Gloves", fui escolhido para lutar o "U.S Amateur Championships" no Gulport, Mississipi. Uma tentativa mais, pensei. Treinei diligentemente e fui ao rabino pedir um bênção para a vitória. O rabino Liberow me disse que eu podia ter um impacto como um bom exemplo, porém lembrou-me que eu deveria observar o Shabat. Decidi me comprometer a isso, dando o próximo passo na minha observância, não lutando no Shabat. Este foi um divisor de águas em minha vida. Trabalhei duro e coloquei minha fé nas mãos de D-us, decidi que Ele governa o mundo e meu testemunho disso como um judeu era observar o Shabat. Em Mississipi, fui informado que as finais eram no Shabat, e que seria desqualificado se não lutasse. Uma vez que, eu não tinha grandes chances de chegar lá, não me preocupei. Todavia, após ganhar duas lutas, cheguei às finais. Estava totalmente preparado para ser desqualificado, porém os organizadores do evento decidiram mudar a data da luta para que eu pudesse participar. Desta vez, venci o torneio e passei a ser o campeão americano. Também voltei ao "Golden Gloves", cheguei às finais(que foram na quinta dessa vez) e venci.
Logo depois, me tornei um profissional e tenho um recorde de 30-0( 30 vitórias e nenhuma derrota). Olhando para trás, após 10 anos, reconheço que o direcionamento que recebi do rabino me deu a principal força que carrego comigo tanto dentro quanto fora dos ringues. Agora, dedico minha vida não apenas a vencer lutas de boxe, mas também a ensinar crianças o boxe não competitivo de forma que elas ganhem preparo físico e auto-confiança. O boxe é tanto um jogo mental quanto físico. Minha história de imigrante, a doença da minha mãe e minha dedicação ao Shabat são todas partes da minha força e uma razão fundamental para meu sucesso como boxeador. Estou ansioso para minha luta pelo título, a qual eu sei que não será numa sexta-feira à noite. Esta luta eu já ganhei!

Dmitriy Salita, um judeu ortodoxo e o número 1 do ranking do peso meio médio

Esta história nos ensina muito. Primeiro, que o o judaísmo não é apenas para rabinos e religiosos, mas para todos os judeus seja qual for sua profissão ou escolaridade. Segundo, que muitas vezes nos afastamos do judaísmo por pensar que a sua observância não é compatível com nosso modo de vida e que nos prejudicaria. Esta história mostra o contrário: a Torá não apenas é compatível até com a vida de um lutador de boxe, mas Ela o ajuda. Então, certamente, a sua observância será boa para nós!

Notas:(1) Tradicionalmente, chassid significa um homem pio, temente a D-us, faz ainda mais do que manda a Lei. Atualmente, esta palavra se refere também a um judeu ortodoxo seguidor dos ensinamentos do Baal Shem Tov e/ou de um de seus discípulos. O Baal Shem tov é o grande fundador da chassidut que, basicamente, é a exposição da cabalá de uma maneira mais sistemática e mais voltada para o serviço a D-us.

7/15/2009

O Nome da Parashá(Matot/Tribos)

Apesar de ainda não ter respondido a todas as questões que coloquei na primeira postagem, sinto que está na hora de partir para uma nova fase, começando a postar mais sobre a Torá e a Chassidut propriamente ditas. Ao mesmo tempo e aos poucos vou terminando de respondê-las...
Então começo com um pequeno resumo de uma Sichá(discurso) do Rebe sobre a porção semanal(Parashá) da Torá que é lida neste Shabat.

No entanto, antes disso é preciso lembrar que estamos num período de luto para o povo judeu. Desde o dia 17 de Tammuz(9 de julho este ano) até o dia 9 de Av(30 de julho este ano) temos Leis especiais como não poder fazer casamentos ou ouvir música. Este luto começa no dia 17 de Tammuz devido a queda da muralha de Jerusalém que precedeu a destruição do Templo Sagrado em 9 de Av. Desde então, sofremos por estarmos no Galut(exílio) e não termos mais o nosso Templo Sagrado(Beit Hamikdash). É interessante notar que, por Providência Divina, nestes mesmos dias ocorreram outras desgraças para o povo judeu. Por exemplo, no dia 17 de Tammuz, Moshe quebrou as primeiras Tábuas da Lei devido ao pecado do bezerro de ouro, enquanto no dia 9 de Av os judeus foram proibidos de entrar em Israel devido ao pecado dos espiões.

Bem, agora podemos começar o resumo da Sichá:

"A Parashá Matot é sempre lida durante este período de três semanas de luto relacionado a destruição do Templo Sagrado, que levou o povo judeu a um exílio físico e espiritual do qual ele ainda não se recuperou. Portanto, não é surpreendente que o nome desta Parashá contenha uma mensagem de inspiração que possa nos ajudar a vencer as adversidades do exílio. A Escritura usa dois termos para se referir a tribos de Israel: a) shevatim b) matot. A diferença entre eles é que "matot" também se refere a galhos que cairam da árvore, e já endureceram formando um bastão. Por outro lado, "shevatim" se refere a galhos que ainda estão conectados ao tronco e por isso são mais macios e flexíveis.
A filosofia chassídica ensina que o "galho" e o "bastão" aludem ao desenvolvimento da alma à medida em que ela passa de um mundo espiritual ao mundo físico. Em um mundo espiritual a alma está conectada com D-us de forma consciente como o galho que permanece conectado com o tronco. No entanto, antes de embarcar em sua missão, a alma está imatura. Ela nunca enfrentou um obstáculo em sua relação com D-us e, por conseguinte, nunca teve o prazer da conexão adicional que é trazida a uma relação pela superação de obstáculos. Dessa maneira, as "reservas ocultas" de poderes presentes na alma para vencer tais desafios ficam dormentes.
Todavia, quando a alma é colocada no mundo físico, num corpo físico e em tempos de exílio, tudo muda. Como um galho que está desconectado, a alma perde o seu envolvimento natural com o Criador e se encontra em um mundo que é antagônico à santidade e à verdade. Porém, nós temos a promessa que, se nos esforçarmos adequadamente, este galho mais flexível e macio irá logo tornar-se um bastão firme e rígido, que não se curva em sua dedicação a D-us.
Parashá Matos, então, nos ensina que D-us nos deu a habilidade de viver de acordo com as Leis da Torá sob quaisquer circunstâncias. É apenas uma questão de vontade e determinação da parte do judeu, já que ele tem toda a capacidade de viver de acordo com a Vontade e os Mandamentos de D-us, o Criador e Mestre do universo."

Espero que esta Sichá nos ajude a superar as dificuldades do exílio e a aumentar nosso cumprimento e estudo da Torá, fortalecendo nossa conexão com D-us!

7/03/2009

Libertação do Rebe anterior

Amanhã, 12 de Tamuz, comemoramos a libertação do Rebe anterior.
Em 12 de Tamuz de 1927, o sexto Lubavitcher Rebe, Rabino Yossef Yitzchak Schneersohn, foi oficialmente libertado de sua sentença de exílio em Kastroma, no interior da Rússia. Vinte e sete dias antes, o Rebe fora preso por agentes da GPU e da Yevsketzia (“Seção Judaica” do Partido Comunista) por suas atividades para preservar o Judaísmo em toda a União Soviética, e condenado à morte. Milagrosamente, a pressão internacional levou os soviéticos a comutarem a sentença para exílio e, posteriormente, a libertá-lo por completo. A verdadeira libertação ocorreu a 13 de Tamuz, e os dias 12 e 13 de Tamuz são celebrados como uma “Festa da Libertação” pela comunidade Chabad-Lubavitch e também por todos os judeus, já que a redenção do líder da geração é de grande relevância para todo o povo.

Em homenagem a ele uma breve história que ilustra os grandes testes pelos quais o Rebe passou e também sua grandeza e coragem:

Certa manhã, quando o Lubavitcher Rebe estava cumprindo yahrzeit(aniversário de falecimento) por seu pai, três membros da Yevsektzia irromperam em sua sinagoga, revólveres em punho, para prendê-lo. Calmamente, o Lubavitcher Rebe terminou suas preces e os seguiu.
Enfrentando um conselho de homens armados e determinados, o Lubavitcher Rebe mais uma vez reafirmou que não abriria mão de suas atividades religiosas, quaisquer que fossem as ameaças. Quando um dos agentes apontou-lhe um revólver, dizendo: "Este brinquedinho fez muitos homens mudarem de idéia", o Lubavitcher Rebe replicou calmamente: "Esse brinquedinho pode intimidar somente o tipo de homem que tem muitas paixões e deuses, mas apenas um mundo - este mundo. Como eu tenho apenas um D'us e dois mundos, não estou impressionado pelo seu brinquedinho."

Para saber mais sobre o Rebe Yosef Yitzchak clique aqui: http://www.chabad.org.br/datas/outras_datas/Yud_Bet_Tamuz/index.html. Para ainda mais informações recomendo o livro "A Prince in Prison" da editora Sichos in English.
Acho importante saber também quão cruel era o regime contra o qual o Rebe estava lutando. Até porque, incrível e infelizmente, ainda há pessoas simpáticas a esta ideologia que o originou, o marxismo. Achei na internet o museu virtual do comunismo. Vale a pena passar lá: http://www.globalmuseumoncommunism.org/