7/22/2009

Um Belo Exemplo

D-us no meu "corner"

Dado que sou o numero 1 do ranking mundial de boxe júnior peso meio-médio, minha próxima luta será pelo título da categoria contra o vencedor da luta entre Andrea Kotelnik e Amir Khan. As pessoas pensam que lutas de boxe dependem apenas de força física. No entanto, minha jornada ensinou-me que minha força principal vem da espiritualidade. Ser um campeão de boxe é o meu sonho desde que sou um garoto. Depois de sair da Ucrânia para ir morar no Brooklyn(NY) em 1991, a experiência de isolamento de um imigrante me fez perseguir uma academia de boxe qundo eu tinha apenas 13 anos. Enquanto a maioria dos meninos judeus americanos estavam estudando para o seu bar-mitzvá, eu estava sonhando em ser um lutador de boxe. Quando tinha 14 anos, minha mãe teve câncer. Durante uma visita ao hospital, encontrei um chasid(1) que estava visitando sua esposa. Assim, formou-se uma amizade e ele me colocou em contato com o rabino Zalman Liberow do Chabad de Flatbush. O rabino Liberow me encorajou a ,gradualmente, observar mais rituais do judaísmo e meu amor pelas tradições dos meus ancestrais cresceu. Comecei a rezar todos os dias e a comer comida kasher. Enquanto isso, minha carreira no boxe progredia. Quando fiz 17 anos era o momento de competir no torneio de boxe amador "NYC Golden Gloves". Eu consegui chegar à final que era na sexta-feira à noite. Nesta época, eu já tinha aprendido que sexta à noite era Shabat e me senti culpado por lutar, mas decidi fazê-lo de qualquer maneira. Estava animado com a oportunidade de vencer o torneio e poder receber uma proposta lucrativa posteriormente. Porém, não era para acontecer e perdi. Pensei em parar, começar um trabalho comum e esquecer meu sonho de ser um campeão mundial. Poucos meses depois do "Golden Gloves", fui escolhido para lutar o "U.S Amateur Championships" no Gulport, Mississipi. Uma tentativa mais, pensei. Treinei diligentemente e fui ao rabino pedir um bênção para a vitória. O rabino Liberow me disse que eu podia ter um impacto como um bom exemplo, porém lembrou-me que eu deveria observar o Shabat. Decidi me comprometer a isso, dando o próximo passo na minha observância, não lutando no Shabat. Este foi um divisor de águas em minha vida. Trabalhei duro e coloquei minha fé nas mãos de D-us, decidi que Ele governa o mundo e meu testemunho disso como um judeu era observar o Shabat. Em Mississipi, fui informado que as finais eram no Shabat, e que seria desqualificado se não lutasse. Uma vez que, eu não tinha grandes chances de chegar lá, não me preocupei. Todavia, após ganhar duas lutas, cheguei às finais. Estava totalmente preparado para ser desqualificado, porém os organizadores do evento decidiram mudar a data da luta para que eu pudesse participar. Desta vez, venci o torneio e passei a ser o campeão americano. Também voltei ao "Golden Gloves", cheguei às finais(que foram na quinta dessa vez) e venci.
Logo depois, me tornei um profissional e tenho um recorde de 30-0( 30 vitórias e nenhuma derrota). Olhando para trás, após 10 anos, reconheço que o direcionamento que recebi do rabino me deu a principal força que carrego comigo tanto dentro quanto fora dos ringues. Agora, dedico minha vida não apenas a vencer lutas de boxe, mas também a ensinar crianças o boxe não competitivo de forma que elas ganhem preparo físico e auto-confiança. O boxe é tanto um jogo mental quanto físico. Minha história de imigrante, a doença da minha mãe e minha dedicação ao Shabat são todas partes da minha força e uma razão fundamental para meu sucesso como boxeador. Estou ansioso para minha luta pelo título, a qual eu sei que não será numa sexta-feira à noite. Esta luta eu já ganhei!

Dmitriy Salita, um judeu ortodoxo e o número 1 do ranking do peso meio médio

Esta história nos ensina muito. Primeiro, que o o judaísmo não é apenas para rabinos e religiosos, mas para todos os judeus seja qual for sua profissão ou escolaridade. Segundo, que muitas vezes nos afastamos do judaísmo por pensar que a sua observância não é compatível com nosso modo de vida e que nos prejudicaria. Esta história mostra o contrário: a Torá não apenas é compatível até com a vida de um lutador de boxe, mas Ela o ajuda. Então, certamente, a sua observância será boa para nós!

Notas:(1) Tradicionalmente, chassid significa um homem pio, temente a D-us, faz ainda mais do que manda a Lei. Atualmente, esta palavra se refere também a um judeu ortodoxo seguidor dos ensinamentos do Baal Shem Tov e/ou de um de seus discípulos. O Baal Shem tov é o grande fundador da chassidut que, basicamente, é a exposição da cabalá de uma maneira mais sistemática e mais voltada para o serviço a D-us.

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