10/23/2009

O Rebe e Victor Frankl

Em 1992, uma mulher de 85 anos vestida elegantemente e com aparência jovial e enérgica entrou na sala do rabino Jacob Biederman, emissário do Rebe na Áustria, e com sorriso no rosto se apresentou como cantora de ópera aposentada e a primeira emissária do Rebe em Viena! "Eu sei que você pensa que é o primeiro por aqui, mas eu sou a primeira na verdade! Muito antes de você!"
Resumindo a história dela, Margareta Chayos era descendente de uma família de Rebes de Vishnitz (uma das várias linhas chassídicas) que havia deixado sua casa tradicional para ir para "o mundo real". Foi para Viena antes da guerra e se tornou uma famosa cantora de ópera nos anos 30. Em 1939, chegou a cantar duas vezes para o próprio Hitler! Mas, quando a Segunda Guerra começou, sua carreira em Viena terminou e ela conseguiu ir para os EUA. Sua famíla e amigos pereceram na guerra e no holocausto. Muito tempo depois por providência divina, Margareta teve uma audiência particular com o Rebe: " Eu entrei no quarto do Rebe, não sei explicar, mas de repente, pela primeira vez após o Holocausto, senti que podia chorar. Como muitos que perderam famílias e comunidades inteiras, eu nunca tinha chorado. Nós sabíamos que se começássemos a chorar, poderíamos não parar mais ou que para sobreviver não poderíamos expressar emoções. Mas, naquele momento, era como se o que obstruia minha torrente de lágrimas houvesse sido removido. Comecei a derramá-las como um bebê. Dividi com o Rebe minha história: infância inocente, saída de casa para Viena, me tornando um celebridade, me apresentando diante de Hitler, escapando para os EUA, sabendo sobre a morte dos meus mais próximos amigos e familiares."
O Rebe ouviu com seus olhos, com seu coração, com sua alma, e internalizou tudo. Dividi tudo e ele absorveu tudo. Naquela noite, senti que tinha ganhado um segundo pai. Senti que o Rebe me havia me adotado como filha.
No final do nosso encontro, expressei meu desejo intenso de voltar a Viena e o Rebe me pediu que antes de ir, eu o visitasse novamente.
Então, alguns meses depois antes de viajar para Viena me encontrei com o Rebe e ele me pediu dois favores. Primeiro, que eu visitasse o Rabino Chefe de Viena e o segundo que eu visitasse um certo professor na Universidade de Viena. O Rebe falou em alemão para que eu pudesse entender: Seu nome é Dr. Frankl. Mande minhas lembranças e diga a ele no meu nome que ele não deve desistir. Ele tem que continuar firme e continuar seu trabalho com vigor e paixão. Se ele assim fizer, ele vai prevalecer."

Apesar das dificuldades em encontrar o tal doutor, ela conseguiu chegar à casa dele:

" Uma mulher abriu a porta e eu vi atrás dela um quarto cheio de cruzes, deveria haver algum engano, não pode ser esta a casa da pessoa que o Rebe queria encorajar, mas mesmo assim perguntei pelo professor.
Momentos depois um homem de meia idade veio para a porta, ele estava extremamente tenso, e parecia bastante desinteressado. Eu disse: Tenho lembranças do Rabino Schneerson do Brooklyn, NY. "Quem é esse?", ele perguntou impacientemente.
O Rabino Schneerson me pediu para te dizer em nome dele que você não pode desistir, você tem que continuar forte com seu trabalho e com determinação inabalável que você vai vencer. Não caia no desespero. Se você marchar com confiança, ele prometeu que você vai conseguir grande sucesso.
O professor mudou. Ele olhou para mim como se estivesse vendo um fantasma. Um minuto depois ele estava chorando como um bebê. " Eu não posso acreditar nisso" ele dizia repetidamente enquanto fazia um gesto para eu entrar. "
Após acalmar-se, ele disse: "Esse rabino do Brooklyn sabia exatamente quando enviá-la. É um verdadeiro milagre! Você me salvou!" Ele começou a chorar novamente e não sabia como agradecer.
Rabino Biederman, ela disse com um sorriso, isto aconteceu há mais de 40 anos, , então sou emissária do Rebe muito antes de você! "
Depois de ela ir embora, o intrigado rabino Biederman começou a investigar e descobriu que Victor Frankl ainda estava vivo com 87 anos e que ele era bem famoso. Era também um doador regular para o Chabad House de Viena!
Então, ele ligou para o doutor Frankl e perguntou se ele lembrava dessa história. Ele disse: "Não lembro do nome da mulher, mas claro que lembro daquele dia! Nunca vou esquecer isso! Minha gratidão ao rabino Schneerson é eterna!" Então, ele se convidou para a casa do Dr. Frankl onde ficou sabendo do resto da história.

"Ele me contou que ainda jovem ele destacou-se no estudo de neurologia e psiquiatria e no começo dos anos 20, ele fez parte do círculo do famoso Dr. Sigmund Freud.
Mas, quando os nazistas tomaram o poder tudo mudou. Ele, seus pais, sua mulher grávida e todos que lhe eram queridos foram para campos de concentração. Todos foram mortos, exceto ele. Mas, apesar de tudo, ele manteve um espírito positivo. E este era o seu problema!
Já antes da guerra e durante seus três anos nos campos de concentração,ele desenvolveu idéias contrárias às dominantes teorias negativas de Freud e seus discípulos.
Freud acreditava que humanos são animais vulneráveis e egoístas, governados pelo passado, por frustrações subconscientes e tomados por neuroses, complexos e psicoses. O único própósito da terapia, de acordo com ele, era liberar o paciente destes problemas, nada mais. Mas, Frankl ensinou que a essência do homem é a sua capacidade de auto-transcendência, nunca definida por circunstâncias da vida e limitações, pelo contrário, responsável por reformar estas condições, definindo seu significado e mensagem"
Disse Frankl:
"Nós que vivemos nos campos de concentração nos lembramos das pessoas que ficavam confortando as outras, dando-lhes seu último pedaço de pão. Talvez, fossem poucas, mas elas são prova suficiente de que tudo pode ser tirado do homem exceto uma coisa: A última das libedades humanas - escolher que atitude tomamos em qualquer circunstância, escolher o nosso caminho".
No entanto, nas universidade dos anos 40/50 as idéias Freudianas reinavam e as de Frankl eram descartadas como religiosidade fanática, que ressucitava conceitos antigos e não científicos de consciência, fé e obrigação. Para os estudantes não era popular ir aos seus cursos.
"Rabino Biederman, exclamou Frankl, eu sobrevivi aos campos de concentração e mantive meu espírito lá, mas não conseguia sobreviver ao impiedoso desprezo dos meus colegas. Finalmente, após anos disso, eu estava exausto e deprimido. Fiquei melancólico e decidi parar. Eu não tinha amigos, incentivadores ou discípulos. Comecei a preparar os papéis da minha aposentadoria.
Então, subitamente, uma mulher aparece me mandando lembranças do rabino Schneerson do Brooklyn! Esperança! Inspiração! Eu não podia acreditar no que estava ouvindo! Alguém no Brooklyn, nada menos do que um Rebe chassídico, sabia sobre mim! Me apreciava! Ele se importava. Naquele momento, eu não era ninguém, rejeitado e sozinho! Isto foi um milagre! Como ele fez isso?
De fato, as palavras do Rebe se tornaram verdade. Eu lutei! E, pouco tempo depois, me deram uma Cadeira na universidade. Meu livro "A Busca do Homem por Sentido" foi traduzido para o inglês e de repente me tornei um dos mais celebrados psiquiatras da geração.
Alguns anos atrás, o Chabad veio para Viena e eu passei a ser um doador."

Pelo menos, o rabino Bierderman entendeu por que ele recebia um cheque por correio sempre antes do Yom Kipur.
O livro do Victor Frankl se tornou uma pedra fundamental para uma virada na psicologia, colocando-a num caminho mais positivo. Ele escreveu 32 livros que foram traduzidos para 30 línguas. Ele tornou-se palestrante convidado de 209 universidades nos 5 continentes, recebeu 29 doutorados honorários de universidades de todo o mundo( mais do que qualquer outra pessoa) e recebeu 19 prêmios nacionais e internacionais pelo seu seu livro " A Busca do Homem por Sentido" que vendeu 10 milhões de cópias e foi listado como um dos mais influentes do século pela Biblioteca do Congresso(americano)!
Mas a história ainda não acabou.

Em 2003, o doutor Shimon Crown, um chassid australiano e expert no pensamento de Frankl, foi visitar sua viúva católica. Eles falaram durante horas e num determinado momento, ela pegou um par de tefilin e tzitzit e mostrou a ele: " Meu marido colocava-os todos os dias, ele nunca perdeu um dia!"

Para mim essa história é muito interessante por três motivos. Primeiro, porque um dos autores que me influenciaram antes de eu ficar observante foi o Victor Frankl. Eu nunca poderia imaginar que o Rebe tivesse tido uma influência tão grande na vida dele, apesar de saber que o ele o recomendava quando era perguntado sobre psicologia. Depois, porque ela mostra a influência que o Rebe tem sobre todos os judeus e como ele se importa com todos. E isto, certamente, fez com que ele influenciasse o mundo todo de forma positiva, já que como neste caso, ele teve papel importante na vida de pessoas que, por sua vez, influenciaram milhões de outras de muitas religiões e etnias diferentes. Por fim, ela é mais um exemplo (neste caso na psicologia), de conciliação entre Torá e ciência. Essa que muitas vezes ocorre, mas nem sempre é possível nem necessária contanto que saibamos em que cada uma delas consiste. Mas, isso já é outro assunto. Com a ajuda de D-us, vou escrever um pouco sobre isso em breve.


10/08/2009

Por quê cobrir a Torá?

Neste sábado à noite começa Simchat Torá. Não deixe de ir à sua sinagoga celebrar a nossa Torá!
Abaixo, um trecho de uma sichá(discurso) do Rebe sobre Simchat Torá.
Chag sameach!

"É nosso costume conduzir hakafot(dançar com a Torá) em volta do local onde se lê a Torá com ela envolvida por sua cobertura.
Poderíamos perguntar: Se a Torá é sabedoria e intelecto, não seria mais apropriado celebrar Simchat Torá estudando-a, então, o entendimento intelectual motivaria a alegria, e não dançando, enquanto a Torá está coberta, sendo impossível sequer olharmos para ela?
A resposta é que a essência da Torá é mais elevada do que o intelecto e que a compreensão. Toda compreensão, qualquer que seja, é definida e limitada, e a Torá é a sabedoria divina que não tem fim nem limite, a Torá de D-us. Dançar com a Torá coberta enfatiza que nos regozijamos por celebrar nossa conexão com a essência da Torá, que transcende completamente a compreensão. Um judeu se alegra porque a Torá possibilita que ele se una com o Doador da Torá, e não meramente com o processo intelectual e entendimento no qual a Torá está investida.
De fato, análise intelectual da Torá é apenas um meio para nos conectar e unificar com a Torá em sua forma mais essencial, pois a "Torá e D-us são inteiramente um". Por causa disso, o júbilo é expressado pela dança, que utiliza os pés. O pé, por si mesmo, não tendo intelecto nem vontade, tem apenas o poder do movimento: é completamente subordinado à vontade que reside no cérebro. Dançar, portanto, indica completa abnegação, motivada pelo aceitameto do jugo dos Céus e fé simples na sabedoria e vontade de D-us investidas na Torá e em suas mitzvot.
Esta alegria na Torá, motivada pela fé simples e perfeita no Doador da Torá, cria uma fundação poderosa para o envolvimento com Torá e mitzvot por todo o ano."
Likkutei Sichot, vol 4, pág. 1168

Netanyahu, o Rebe e as Nações Unidas

Este blog não é voltado à política, mas recomendo fortemente que você assista ao vídeo do Netanyahu(primeiro ministro de Israel),discursando na ONU no dia 24 de setembro deste ano em resposta à posição persistentemente anti-israelense da instituição que culminou com o discurso do Ahmadinejad. Leia o texto abaixo(retirado do site do chabad) e veja que o Rebe que o inspirou a fazer um discurso tão impactante e sincero onde o politicamente correto(e factualmente incorreto) costuma imperar. Mas antes, assista ao discurso no link: http://www.youtube.com/watch?v=44HkjBDQz_k

Netanyahu, o Rebe e as Nações Unidas

Geralmente, quando estão na ONU, muitos líderes judeus ficam intimidados e extremamente diplomáticos. Porém neste momento o Primeiro Ministro levantou-se para a ocasião, transcendeu as circunstâncias restritas, não se deixou intimidar pelas vozes familiares que são lenientes com os líderes que pedem a destruição de uma nação. Netanyahu – dessa vez – deixou falar a sua alma judaica. Sua voz foi a voz da história, da fé, da paixão e da nobreza judaicas. Não “gaguejou” nem ficou constrangido. Sua neshamá falou. É importante entender que esta é, creio eu, a primeira vez na história de Israel que num local tão público o Primeiro Ministro de uma democracia liberal secular, Israel, declarou que sua fonte de inspiração para confrontar as Nações Unidas era o Rebe!Lembro-me daquele momento, Simchat Torá 1984. Local: Sede de Chabad-Lubavitch, no 770 da Eastern Parkway. A hora: 1h30 da madrugada.O Rebe terminou seu farbrenguen (reunião chassídica) de Simchat Torá e foi à sinagoga para as hacafot - tradicional dança com a Torá, na noite mais feliz e uma das mais inspiradas do ano.As hacafot geralmente começam à 1 da manhã, e terminam por volta das 4. Cerca de 10.000 pessoas lotavam a sinagoga da Eastern Parkway. Lotada não é a palavra. Se você pulasse do teto, não cairia no chão, mas sim sobre os ombros das pessoas (na verdade, não era uma má estratégia, pois muitos fizeram justamente isso!)
Primeiro Ministro de Israel, Beniamin Netanyahu, mostrando uma cópia dos planos nazistas do Holocausto ao discursar na Assembléia nas Nações Unidas 24/09/2009 - Foto: UN/Marco Castro, publicada por chabad.org
Milhares de pessoas se comprimiam juntas, esperando ansiosamente pelo início das Hacafot. Uma sinfonia de 10.000 almas esperando para dançar com seu presente mais sagrado – a Torá. Mas, não. Um dos convidados que foram para ver as hacafot naquela noite era um judeu de 35 anos, Benjamin Netanyahu, que acabara de se tornar embaixador de Israel nas Nações Unidas (ele atuou de 1984 a 1988). Celebrando apenas um dia do feriado, membros da missão diplomática israelense em Nova York costumavam desde o início da década de 60 dirigirem-se anualmente de Manhattan a Crown Heights celebrar com o Rebe a noite de Simchat Torá.Quando o Rebe entrou, Netanyahu foi introduzido ao Rebe que saudou o Embaixador Netanyahu e os outros convidados do conselho israelense. Netanyahu falou em inglês: “Rebe eu vim lhe ver”, contado pelo próprio primeiro ministro. “E o Rebe me respondeu, ‘Somente ver? Não conversar?’. Pensamos que ele falaria com Bibi durante alguns minutos. Mas não! Passaram-se 5, 10, 20, 30, 40 minutos, e o Rebe ainda falava com Netanyahu.Em revcente depoimento, Netanyahu lembra que o Rebe trocou rapidamente o inglês para o hebraico e após 40 minutos parou. Disse o que queria ter dito, virou-se para a audiência e com um gesto de mãos começou a fazer os chassidim cantarem e dançarem.Devo confessar: eu estava me perguntando se seria aquela a ocasião apropriada para uma conversa tão longa com um político, enquanto 10.000 chassidim esperavam para dançar com a Torá e com o Rebe. Milhares de convidados do mundo inteiro tinham ido passar Simchat Torá com o Rebe. Ele não poderia conversar com Netanyahu em outra ocasião, em particular? [Rabino Lable Groner, secretário do Rebe, tentou intimar Netanyahu – e meu pai, que também estava presente – a sair, mas o Rebe não parava de falar com ele. Se não me falha a memória, a certa altura o Rebe voltou-se para Rabino Groner e disse: “Em vez de tentar interromper a conversa, traga l’chayim para os convidados.” Foi o que ele fez, e todos disseram l’chayim.]Netanyahu recorda-se dos detalhes: “Então algo aconteceu, nunca esquecerei pelo resto de minha vida. O Rebe e seu cunhado pegaram o Rolo da Torá e dirigiram-se ao centro do salão eu os observei dançando em um círculo de luz com a Torá. Senti a força de gerações, o poder de nossas tradições, nossa fé, nosso povo.”Quando perguntei a meu pai, Gershon Jacobson, um veterano jornalista judeu que acompanhava Netanyahu e estava de pé ali perto, o que o Rebe falara por 40 minutos, ele disse: “O Rebe estava falando sobre as Nações Unidas. Não sobre religião, Torá, o Yom Tov, Chabad, temas espirituais, mas sobre as Nações Unidas. Fiquei ainda mais intrigado: por que agora? Por que durante tanto tempo? E eu não tinha uma resposta.Passaram-se 25 anos. Um quarto de século. Dia 24 de setembro de 2009. Netanyahu atua como Primeiro Ministro de Israel. Nesse ínterim ele esteve por ali uma ou duas vezes, promovido, destituído, promovido e destituído novamente, e agora finalmente reeleito Primeiro Ministro.Nas Nações Unidas, o líder da Líbia se levanta e cospe seu ódio e suas ridículas acusações sobre quem realmente matou JFK. O Presidente do Irã se levanta e nega, mais uma vez, o Holocausto, Auschwitz, Treblinka, Dachau – nunca ocorreram.
Futuro Primeiro Ministro de Israel Biniamin Netanyahu em encontro com o Rebe, de abençoada memória, em chol hamoed Sucot
Imagine: sobreviventes do Holocausto, que perderam pais, irmãos, filhos e por vezes famílias inteiras no Holocausto estão sentadas nas suas casas, em seus sofás, com tatuagens nos braços, assistindo a CNN, escutando o líder de um país soberano negar que um milhão e meio de crianças foram enviadas aos crematórios! Que palhaçada! Que desgraça! Que chutzpá! Sem palavras. E a ONU fornece um fórum a este homem – o fórum internacional mais prestigiado – para pronunciar palavras como essas.Como se pode sequer entender o atrevimento de permitir que um homem desses fale? “Ele é presidente de um país, devemos dar-lhe uma plataforma” ouvimos com frequência. Verdade? Que vergonha. Judeus que perderam dez filhos em Auschwitz, precisam assistir a isto acontecendo na frente de seus olhos!Então chega a vez do Primeiro Ministro de Israek falar. Benjamin Netanyahu. E ele fala como um líder judeu deveria falar, sem vergonha, sem insegurança, sem ambivalência. Falou com orgulho, com dignidade, com uma voz de clareza moral, com uma paixão alimentada por milhares de anos de história e uma fé profunda, enraizada em nossa tradição.“No mês passado, fui a uma vila num subúrbio de Berlim chamada Wannsee. Ali, em janeiro de 1942, após uma farta refeição, funcionários nazistas importantes decidiram como exterminar o povo judeu. Os minutos detalhados daquele encontro tinham sido preservados por sucessivos governos alemães. Aqui está uma cópia daqueles minutos, nos quais os nazistas deram instruções precisas sobre como efetuar o extermínio dos judeus. “Isto é uma mentira?“E quanto aos sobreviventes de Auschwitz cujos braços ainda possuem os números neles tatuados pelos nazistas? Essas tatuagens são uma mentira? Um terço de todos os judeus pereceram na conflagração. Quase toda família judia foi afetada, incluindo a minha. Os avós da minha esposa, duas irmãs e três irmãos do pai dela, todos os tios, tias e primos foram assassinados pelos nazistas. Isso também é uma mentira?…“Ontem, o homem que chama o Holocausto de mentira falou neste pódio. Para aqueles que se recusaram a vir aqui e para aqueles que saíram da sala em protesto, eu faço um elogio. Vocês defenderam a clareza moral e levaram honra aos seus países. “Porém aqueles que deram ouvidos a esse negador do Holocausto, digo em prol do meu povo, o povo judeu, e às pessoas decentes em toda parte: Você não tem vergonha? Não tem qualquer decência? Umas meras seis décadas após o Holocausto, vocês dão legitimidade a um homem que nega a ocorrência do assassinato de seus milhões de judeus, e promete varrer do mapa a nação judaica.“Em 2005, esperando avançar no processo de paz, Israel unilateralmente se retirou de cada pedacinho de Gaza. Desmontou 21 assentamentos e deslocou mais de 8.000 israelenses. Não conseguimos a paz. Em vez disso tivemos uma base terrorista iraniana a 80 quilômetros de Tel Aviv. A vida nas aldeias e cidades israelenses perto de Gaza se tornou um pesadelo. Vejam vocês, os ataques com foguetes do Hamas não apenas continuaram, como aumentaram dez vezes. Mais uma vez, a ONU ficou em silêncio.“Finalmente, após oito anos desses ataques incessantes, Israel finalmente foi forçado a reagir. Mas como deveríamos ter reagido? Bem, há apenas um exemplo na história de milhares de foguetes sendo atirados sobre a população civil de um país. Aconteceu quando os nazistas bombardearam as cidades britânicas durante a Segunda Guerra Mundial. Naquela guerra, os aliados arrasaram cidades alemãs, causando centenas de milhares de mortes. Israel preferiu reagir de modo diferente. Frente a um inimigo que cometia o duplo crime de atirar em civis enquanto se escondia atrás de civis – Israel procurou fazer ataques cirúrgicos contra os lançadores de foguetes.“Não foi uma tarefa fácil porque os terroristas estavam atirando mísseis a partir de casas e escolas, usando mesquitas como depósitos de bombas e atirando explosivos em ambulâncias. Israel, em contraste, tentava minimizar as perdas insistindo para que os civis palestinos deixassem as áreas que seriam atacadas.“Atiramos incontáveis folhetos sobre as casas deles, enviamos milhares de mensagens de texto e ligamos para milhares de celulares pedindo que as pessoas partissem. Jamais um país tinha chegado a medidas tão extraordinárias para remover a população civil do inimigo a fim de poupá-la.“Porém frente a um caso tão claro de agressor e vítima, a quem o Conselho de Direitos Humanos da ONU decidiu condenar? Israel. Uma democracia defendendo-se legalmente contra o terror é moralmente atacada, vilipendiada e tem de passar por um julgamento imparcial.“Segundo esses padrões distorcidos, o Conselho de Direitos Humanos da ONU teria arrastado Roosevelt e Churchill ao tribunal como criminosos de guerra. Que perversão da verdade. Que perversão da justiça.“Delegados das Nações Unidas, vocês aceitarão essa farsa?”Netanyahu fez escolhas no passado que têm lhe rendido muitas críticas. Porém quando ele falou dessa vez, estava certo. Realmente certo.Pude ouvir em sua voz não apenas a sua própria voz como político israelense. Pude ouvir a voz de Moshê, do Rei David e de Rabi Akiva; pude ouvir as vozes de seis milhões de judeus; pude ouvir as vozes das mais de 1.000 vítimas do terror mortas nas ruas e cafés depois de uma das maiores farsas da história moderna; os acordos de paz de Oslo que desencadearam uma das eras de violência mais sangrentas na história de Israel. Sim, eu também me senti orgulhoso ao ouvir suas palavras. E o fato de tantos se sentirem pouco à vontade somente provou-me como suas palavras atingiram o alvo.Porém me perguntei, após tantos anos com tantos líderes judaicos obscurecidos nos corredores da ONU e sob a atenção internacional diminuindo seu orgulho e senso de identidade, o que deu a Bibi a força de, naquela quinta-feira, falar como um judeu que carrrega a luz de 3.500 anos? Falar como Moshê falou com o faraó e Elijah falou com Achav? Falar como um judeu que não tem medo de seu próprio legado, história e identidade?Após seu discurso, a TV israelense entrevistou Netanyahu. Os repórteres israelenses são durões, cínicos, e não professam amor por Bibi. O repórter perguntou-lhe em palavras um pouco mais suaves: “O que acha que está fazendo aqui, mostrando plantas de Auschwitz e detalhes da reunião de Wannsee? Zombando da ONU na própria ONU? O que foi que o possuiu? Acha que consegue converncer Ahmedinejad?Nos corredores da ONU, depois de um discurso, você geralmente dá respostas curtas e diplomáticas. Esperávamos algo desse tipo por parte do Primeiro Ministro. Ele disse ao repórter que dessa vez iria se desviar do protocolo e contar uma história pessoal.Ele não relatou uma história ocorrida há seis meses ou um ano, mas sim uma com um quarto de século e que envolvia um mestre chassídico.“Eu estava com o Rebe de Lubavitch em Simchat Torá de 1984. Ele falou comigo não durante 5 ou 10 minutos, mas sim por 40 minutos, enquanto milhares de seus chassidim achavam que eu tinha afastado deles o Rebe em Simchat Torá. Escutei do Rebe muitas coisas, mas a maior lição foi o que me disse, ‘Lembre-se que em um local de trevas, se você acender uma pequena chama, esta luz dissipará toda a escuridão e será vista por todos mesmo a uma longa distância. Sua missão é acender esta chama pela verdade e pelo povo judeu.”Netanyahu cita a advertência feita pelo Rebe sobre representar Israel na ONU, na qual frequentemente ocorriam deliberações “numa casa de… total escuridão, uma pequena luz da verdade pode expulsar as trevas; seja aquela pequena luz da verdade.” O Rebe pronunciou essas palavras a um embaixador recente, que tinha apenas 35 anos de idade: ‘Há só uma maneira de erradicar mentiras (contra o povo judeu). Repita o acendimento da luz da verdade mais e mais e mais, e não pare.” “Isso é o que eu fiz hoje nas Nações Unidas,” disse Netanyahu à TV israelense e mais tarde a uma plateia lotada na 92nd Street Y, na quinta-feira.Então eu tive um flash back. De pé ali no 770, imaginando por que o Rebe sentiu o direito de falar com o novo embaixador durante 40 minutos. Demorou 25 anos para eu entender. O Rebe aparentemente tinha uma visão do futuro. Ele viu o Irã. O Hamas. Hezbolá. A Síria. A Al-Queida. E desejava infundir num Primeiro Ministro a coragem e a confiança para aproveitar o momento quando chegasse. Transcender as mentiras, a falsidade, o ódio irracional, para ali falar a verdade! Erguer a chama da moralidade, do bem, da decência, da integridade, a chama de Avraham, Yitschac e Yaacov, numa casa de mentiras que tinha a chutspá de negar que mães foram mortas enquanto seguravam seus bebês.O Rebe sentiu a força daqueles momentos sagrados e ajudou Netanyahu a encontrar dentro de si mesmo a chama da Torá para que pudesse enfrentar um mundo hostil que condena as vítimas e glorifica os monstros sedentos de sangue.Que ele – e cada um de nós – tenhamos a força para continuar acendendo a chama da verdade em meio às mentiras que nos cercam.Que possamos todos juntos dançarmos em breve em Simcha Torá com orgulho e alegria.
Chag Sameach!

10/02/2009

Reb Dovid e o seu Etrog

Um dia o grande fundador do movimento chassídico, Baal Shem Tov, estava sentado para uma refeição de Rosh Chodesh( começo do mês) com seus discípulos e demonstrava uma expressão bastante séria. Seus discípulos tentavam, sem sucesso, melhorar seu humor. Então, um certo morador da vila, Reb Dovid, entrou. Imediatamente, o Baal Shem Tov estava cheio de alegria, tratando-o calorosamente, dando-o um lugar à mesa e um pedaço de pão. Os discípulos ficaram perplexos. Como pode um judeu tão simples conseguir o que eles não conseguiram?!? Quando Reb Dovid foi embora, o Baal Shem Tov respondeu: " Este senhor trabalha muito duro para cada centavo que ganha. Durante todo o ano, ele economiza para comprar um etrog(uma das quatro espécies que são "balançadas") em Sucot, até que ele chegue à quantia necessária e vá à cidade para comprar um da mais alta qualidade. Isto traz grande alegria a ele.
Dado que ele é pobre e sua mulher é amargurada, incomoda muito a ela que ele não se preocupe mais com as condições de sua casa do que em comprar um lindo etrog. Então, na sua amargura, a mulher destruiu o etrog.
Além do dinheiro que ele gastou, houve muitos obstáculos para trazê-lo: cruzar áreas alagadas, más estradas e etc. Tudo isso aumentou ainda mais o esforço do Reb Dovid. Mesmo assim, quando ele viu o que sua mulher fez, ele não ficou zangado. Ele disse: Parece que eu não mereço ter um etrog como este. Na verdade, um judeu simples como eu, merece um etrog de tamanha qualidade?
"Desde os tempos de Avraham e da Akeida( sacrifício não consumado do seu filhoYitzchak) , concluiu o Baal Shem Tov, não houve um teste tão grande de caráter! Por isso o tratei tão bem."

Que neste ano possamos ter um pouco mais do caráter e cuidado com as mitzvot do Reb Dovid!
Chag Sameach!